18 -2 – MAUD ROXO DA MOTTA VASCONCELLOS

  • – MAUD ROXO DA MOTTA VASCONCELLOS – casada com Dr. João Vasconcellos de Albuquerque e Mello, médico, sem filhos, já falecidos.

Dr. Vasconcelos era viúvo e tinha 2 filhos do primeiro casamento. Era muito sistemático e não gostava de visitas.

Ela era dentista, farmacêutica e enfermeira. Pioneira em sua região em estudar e fazer curso superior, numa época em que as mulheres dedicavam-se apenas às atividades do lar.

Depois de casada Tia Maud foi viver em Paquetá. Mesmo após o falecimento do marido, continuou lá por muitos anos. No final de sua vida, veio pra Juiz de Fora, para a casa de Tia Ena, que também já era viúva, e lá faleceu.

Era muito habilidosa, para cada sobrinho-neto que nascia, fazia lindas roupinhas de tricô.

Todo ano, quando vinha a Juiz de Fora, trazia um cofrinho cheio de moedas para cada um de meus filhos!

Deu-me um relógio cuco antigo, que está com a Regininha, uma cadeira de balanço de palhinha, que está com o Marcelo, uma cruz de ouro trabalhada em filigrana, que dei para a Daniela. Tenho também a sua coleção de livros de Érico Veríssimo, de Jorge Amado e Dostoiewsk.

O carinho da Tia Maud para conosco jamais será esquecido.

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FORMATURA  ENFERMAGEM

 

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TURMA DO CURSO DE FARMÁCIA

 

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No Colégio Stella Matutina, Juiz de Fora. De pé, à direita

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Com Eunice, também estudante da Escola Ana Nery, que se casou com o irmão Diniz

 

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Eunice, Maud e Edilva

 

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Família do Dr. Vasconcellos

 

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Casa de Paquetá, Rua Manoel de Macedo 350

 

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Creio que deve ser um neto do Dr. Vasconcellos

 

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Na casa de Paquetá com a amiga D. Aurora

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Em Paquetá

LEMBRANÇAS DA GORETTI

Quando vim estudar no Rio de Janeiro passei a frequentar a casa da Tia Maud em Paquetá. Não tão assiduamente, mas por várias vezes fomos lá almoçar com ela, sempre um peixe delicioso. Algumas vezes ela também veio à nossa casa. Sempre nos dava sustos pois quando menos esperávamos ela “fugia” e ia embora sozinha para a praça 15 pegar a barca. Não queria “dar trabalho” – como dizia. E assim vivia.
Eram muito interessantes as conversas com ela, a casa muito arrumada, o quintal cheio de flores e frutas.
Guardo os casaquinhos que ela fez pros meus filhos. São inúmeras lembranças boas e carinhosas dela.

 

 

 

17 -1 – PAULO ROXO DA MOTTA

FILHO DE LUIZ FERREIRA DA MOTTA E JÚLIA ROXO DA MOTTA  (VOVÓ JUJU)

1 – PAULO ROXO DA MOTTA (25/01/1906 + 25/01/1983) casado com RUTH BRAGA DA MOTTA, já falecida também. Foi médico pediatra em Belo Horizonte, formado na turma em que se formou Juscelino Kubitschek. Foi homenageado pela Sociedade de Medicina de BH com uma sala em seu nome.

Tenho uma profunda gratidão por ele, pelo carinho e desvelo com que cuidou do Guilherme, meu filho, quando este esteve muito doente, ainda com meses de vida. Posso dizer que o Tio Paulo salvou a vida dele!

No final de sua vida, uma moça que trabalhava na casa deles teve um filho. Eles criaram este menino com muito amor, chamavam-no Juquinha.

Ainda não havia publicado esta parte quando tive a grata surpresa de receber uma mensagem do Juquinha, que descobriu esta história pela internet e me mandou uma mensagem.

Fiquei muito feliz com este contato, com as informações que me tem dado, fotos mas, principalmente, por restabelecer um elo com o meu querido Tio Paulo, através de suas lembranças.

MENSAGENS DO JUQUINHA

Sou afilhado de Paulo Roxo e de sua esposa, Ruth Braga, já falecidos. Encontrei seu blog por um acaso pois estava pesquisando o nome dele.

Que trabalho fantástico. Me emocionei com as fotos de criança do Luiz Paulo, com quem convivi sendo quase um pai pra mim, até o seu falecimento em 1991 e do próprio Dr. Paulo, brilhante pediatra, que me inspirou a tornar-me profissional da saúde.

Carrego Paulo no nome em sua homenagem pois o carinho que tinha comigo era de um pai com filho. Também convivi com Eduardo Lúcio que lamentavelmente também já é falecido.

Parabéns pelo lindo trabalho. Fiquei realmente emocionado.

SEGUNDA MENSAGEM:

Meu nome é Marcos Paulo, apelidado pelo Paulo de Juquinha. Uma amiga da minha mãe me chama assim até hoje.

Tenho 40 anos, casado, tenho um filho de 2 anos chamado Matheus.

Morei na casa do Paulo e da Ruth por 32 anos. A casa existe até hoje.

Sou Fisioterapeuta Hospitalar, Preceptor do curso de Residência em Fisioterapia Hospitalar da Nova Faculdade, no Hospital Santa Rita em Contagem.

O Paulo sempre foi minha referência em tudo, tive o orgulho de receber em seu nome uma homenagem feita a ele e a outros pediatras importantes dada pela Sociedade Mineira de Pediatria na Associação Médica de Minas Gerais. Até hoje o trato carinhosamente como vô Paulo.

MAIS UM EMOCIONANTE RELATO DO MARCOS PAULO (Juquinha)

Relendo o relato da Júlia algumas coisas eram lendas mas outras eram verdades.

A Ruth de fato era pão dura hahaha, principalmente com comida. Mas aos poucos foi deixando esse comportamento, talvez por eu mostrar que certos mimos valiam a pena. Começou a desejar coisas como uma poltrona reclinável, uma TV mais moderna, aparelho de som completo etc. Coisas que normalmente ela jamais pensaria em comprar por considerar caras.

A família não era milionária hahaha. Pelo menos desde que me lembro. Levávamos uma vida bastante confortável mas sem luxo. Acredito que tudo que tivemos foi conquistado com o trabalho do vô Paulo que de fato era um pediatra muito respeitado pela classe médica. Antes disso me contam que ele tinha que trabalhar a noite para comprar livros de medicina na época da faculdade.

Sempre ouvia histórias de famílias que vinham de longe para consultá-lo. Me lembro que o telefone tocava várias vezes de madrugada.

Uma vez vô Paulo tratou de um caso salvando a vida de uma menina que tinha minha idade e a família ficou tão grata que passou a criá-la junto comigo, indo sempre nas minhas festas de aniversário e eu nas festas dela. Chegaram a ter a ideia de nos criar juntos para que ficássemos amigos, namorássemos e até casássemos, bem ao estilo casamento prometido.

Mas depois da morte do Paulo eles se afastaram por não se darem muito bem com a Ruth. Vinham sempre no meu aniversário apenas. Depois acabei indo ao casamento dela e nunca mais nos vimos.

Hoje sou da área da saúde por causa da paixão que ele despertou em mim pela medicina e pelo cuidado com o próximo. Sou muito feliz e realizado em minha profissão e agradeço a ele por isso.

O Edu e o Luiz Paulo eram de fato os galãs da casa. Com a depressão do Edu ele realmente era pouco sociável mas o Luiz Paulo foi namorador até o fim da vida. Ele queria que eu fosse o sucessor da sua fama mas eu sempre fui mais quietinho e acabei casando hahahaha. Acho que eles nunca casariam. Seriam boêmios até onde a vida deixasse ser.

O Edu era de fato uma pessoa extremamente afetuosa e generosa. Nós suspeitamos que ele era diabético mas nunca foi diagnosticado. Comia muitos doces, fumava e nunca ia no médico. Luiz Paulo era mais vaidoso, cuidava muito da aparência e praticava atividade física. Mas era estressado e fumava muito. Achamos que o Edu tenha morrido de um infarto fulminante. O Luiz foi mesmo decorrente de complicações de um aneurisma. Não sabia dessa “qualidade” dele em aliviar a dor de uma pessoa ao chegar perto. Eu me lembro que ao final da vida ele procurou praticar alguma espiritualidade e passou a frequentar alguma fraternidade que não sei qual foi.

Para mim foi dramática a perda do vô Paulo tão cedo mas os 7 anos que convivi com ele foram intensos de forma que ainda sinto sua presença constantemente todos os dias. O Edu parecia um irmão mais velho. Ele sentava no chão comigo para brincar de montar blocos ou de carrinho. O Luiz Paulo era mais como a figura do pai divorciado que me buscava para passar o fim de semana na sua casa e comer pizza todo sábado. Todos foram embora precocemente mas todos ainda vivem comigo. A Ruth foi a última e uma das maiores alegrias da minha vida é lembrar que ela estava na primeira fila da minha formatura, mas com certeza todos os outros estavam ao meu lado em cima do palco.

Não sinto tristeza pela falta deles. Sinto saudade. Mas uma saudade gostosa e que esse blog ajuda a mantê-la.

HOMENAGEM DA JÚLIA MARIA CASULARI ROXO DA MOTTA

Homenagem à família   de

Tios: Paulo Roxo da Motta, Rute Braga Motta

Filhos:  Luiz Paulo  Braga Motta, Eduardo Lucio Braga Motta, Maria

Depois que toda família Roxo da Motta se mudou de São Geraldo somente ficaram lá Seu Lizote, Dona Laurinha e a filharada, da qual faço parte, com muita honra.

Por que inicio este texto sobre o tio Paulo e família  falando disso?

É fácil entender. Foi assim que conheci uma parte da família Roxo da Motta: Como uma lenda. Em especial, a lenda do tio rico e doutor que vivia na capital.

Éramos os primos pobres, que viviam na roça e pouco sabiam da cidade.

Tudo me encantava e fazia a imaginação de criança e adolescente criar asas. Sempre fui uma criança imaginativa, que criava histórias e algumas vezes acreditava nelas. Quando acontecia isso,  a  fantasia e a  realidade ficavam misturadas.

Na oportunidade de separar uma da outra ficava triste porque a história real não tinha os encantos da imaginação, aos olhos infantis.

Mas, com relação ao tio Paulo, tia Rute e filhos foi diferente. Eles me cativaram na vida real, muito tempo depois quando os conheci em Belo Horizonte.

Voltando a S Geraldo e a fase do imaginar, do conhecer “causos” sobre eles.

Da lenda nasceu a ideia que  Tio Paulo era muito rico, que tinha tanto dinheiro que eu  nem podia imaginar onde guardar tanta fortuna.

Também diziam que tia Rute era tão pão dura que não gastava nenhum dinheiro, só guardava.

Dos filhos ouvi que eram lindos, uns galãs de cinema. Que todas as moças de Beaga se apaixonavam por eles, em especial, pelo Luiz Paulo. Também que tinha ficado  milionário ganhando muito dinheiro na loteria.

Das histórias narradas incluía que tio Paulo era o maior pediatra de Minas, que famílias viajavam de muito longe para consultar um filho “desenganado” com ele.  Falavam assim: “ se o Dr Paulo não souber ninguém mais sabe, ele é o último recurso”.  Contavam que era professor e que os alunos tinham o maior respeito por ele e faziam fila para não perder suas aulas. Diziam que tirar dez na sua disciplina era o máximo de currículo. Ele dava aulas na medicina e no Serviço Social. Interessante esta composição.

Eu não sabia o que era lenda e o que era verdade, mas colecionava os “causos dos parentes ricos  e famosos”. No fundo queria conhece-los de perto.

A primeira vez que tive essa oportunidade foi no casamento da minha irmã mais velha, Regina e o Ary, em S Geraldo.  Mamãe organizou uma festinha dentro das condições da época. Foi feito um almoço com galinha, arroz, farofa, salada… de sobremesa doces de frutas cristalizadas feitos pela Dona Eponina, se não me falha a memória do nome.

Tia Rute foi ao casamento. Mamãe muito tímida e insegura ficou sem saber como hospedá-la em nossa casa simples. Mas, quando tia Rute  chegou era uma pessoa alegre, simples e rapidamente estava à vontade entre nós. Gostei dela logo que a vi.  Pensava assim: “ onde será que guarda tanto dinheiro? Parece igual a gente”.  Na hora  do almoço mamãe deixou uma grande travessa com os docinhos deliciosos de frutas cristalizadas sobre a mesa. As pessoas comiam quanto quisessem .

Em um dado momento a tia Rute tirou a travessa e disse assim: “ Laura , todo mundo já comeu bastante. Pode guardar para outro dia. Doce a gente não deixa à vontade assim “.

Primeira lição de realidade da lenda. Tia Rute era mesmo pão dura.  No dia de ir embora pediu a mãe um tanto daqueles docinhos para levar. Entendi porque guardou os doces na festa.

Depois deste evento ficamos um tempo sem notícias dos tios ricos .

Eu, desde adolescência, tinha o costume de trabalhar em eventos de caridade. Gostava de organizar auxilio para as pessoas .  Não fazia isso sozinha, sempre em grupo. Naquele momento,  ficamos sabendo de uma senhora  paralítica, com filhos pequenos, que não tinha como se locomover. Como auxiliar?  Uma cadeira de rodas era muito caro, muito mais do que podíamos pensar , mesmo reunindo todas nossas economias. Daí surgiu uma ideia salvadora. Escrever ao primo Luiz Paulo que além de rico pela loteria era delegado na cidade de Cataguases.

Escrevi uma carta pedindo uma cadeira de rodas. Endereço:  delegacia de Cataguases. Um mês depois recebo um envelope com um cheque no valor que havia pedido e uma linda carta do primo rico e galã. Ele dizia assim:

“ Você tem o nome da nossa avó e isso é uma responsabilidade”. Disse coisas bonitas e afetivas, falou que gostou do meu pedido.

Nossa! Quase cai de costas pois a história real começava a ficar mais bonita que a imaginação.

Deste fato ao próximo se passaram anos. Cresci e me casei indo morar em Belo Horizonte. Então, procurei o tio Paulo e família.  Fomos recebidos com um convite para almoçar no domingo.

De novo um espanto. Então não eram tão diferentes assim.

Desta ida começou uma amizade boa, sempre mantendo uma distância respeitosa. Tudo porque um dia o tio Paulo me disse assim:

“ Não tenho hábito de emprestar dinheiro, mesmo para parentes”.

E eu respondi: “ Fique tranquilo, quero somente amizade de vocês”.

Muito tempo depois, já mais íntima deles, tio Paulo percebeu uma fase dura na minha  vida e me ofereceu dinheiro emprestado.  Também me ofereceu seu consultório para trabalhar. Disse que havia comprado duas salas pensando que um dos filhos seria médico, mas que não havia acontecido. Os dois filhos eram advogados.

Não cheguei a trabalhar junto com ele, mudamos antes para S Paulo. Mas, ficou registrado seu oferecimento e deixo aqui minha gratidão.

Tia Rute frequentava nossa casa com frequência. Gostava de tomar café e conversar. Conheci seu coração e parte da sua história de vida. Quanto mais a gente conhece uma pessoa mais fácil é   aprender a gostar dela.

Eduardo Lúcio era o primo menos próximo. Ele sofria de depressão crônica e apesar de afetivo e simpático a doença dificultava sua socialização.  Um dia, estava sentado na sala vendo TV e morreu. Silenciosamente, sem alarde, solitário como havia vivido.  Provavelmente teve um aneurisma grave arrebentado.  Estive com a família nesta hora, chorei junto, rezei e fiz companhia.

Tio Paulo na ocasião me segredou uma confidência: “ sempre soube que Eduardo Lúcio morreria de repente, sem barulho”.

Quando lhe perguntei:  como sabe disso?

Respondeu: “Não sei explicar, mas os diagnósticos aparecem na minha cabeça. No consultório antes de ver o paciente já sei o que ele tem. Quando uma mãe me telefona já sei o que vai dizer e o que tenho que fazer”.

Perguntei –lhe se já havia procurado uma explicação para este fenômeno ele me disse:

“ Não, só agradeço a Deus”.

Nossa amizade continuou crescendo. Era uma família melhor que a lenda.

Tempos depois chegou a vez do tio Paulo. Também morreu sem grandes alardes, sem muita preparação, coisas do coração. Senti sua ausência como  se sente a falta de um amigo querido.

Tia Rute ficou mais apegada a mim  e a meus filhos.  Pena que estávamos morando em S Paulo. Ela foi algumas vezes passear em casa. Dizia que meus filhos eram seus netos.

Morava na mesma casa grande sempre acompanhada pela Maria, quase   uma filha de criação. Uma jovem que foi trabalhar lá bem cedo e ficou até seu casamento. Maria se tornou uma  filha amorosa, dedicada, amiga. Cuidou da tia Rute até sua morte.

As duas viajavam juntas e algumas vezes iam para minha casa. Continuo mantendo contato com a Maria que mora em Belo Horizonte. Uma amiga querida!

Um dia tia Rute  me disse que o Luiz Paulo havia amputado uma perna e que estava deprimido.

Escrevi uma carta a ele. Enviei junto um livro. Pouco depois recebi resposta. Passamos a ter uma correspondência regular. Conversávamos de espiritualidade e sobre mistérios da vida. Perguntas existenciais: “ O que é a vida? Que estou fazendo aqui? De onde vim e para onde vou? “

Tia Rute me dizia que nossa correspondência estava sendo   importante para seu filho. Não era somente para ele, para mim também.

Luiz Paulo, aquele que tinha fama de galã, de playboy, de boêmio inveterado, abria seu coração. Ele me dizia: “ veja se consegue me explicar porque quando uma pessoa sente dor e eu chego perto e ponho as mãos sobre ela a dor passa”.

Luiz Paulo morreu de repente de uma aneurisma antes que conseguíssemos resolver o enigma do seu poder sobre a dor do próximo.

Ficamos tia Rute, Maria e eu. Tinha também o Juquinha, o filho de uma pessoa que trabalhava na casa deles e moravam lá.  Não sei porque, mas pouco me relacionei com eles.  Não sei contar além das coisas públicas que todos sabem.

Tia Rute aos poucos foi  ficando demenciada e um sobrinho  bem próximo achou melhor interna-la em uma clínica de idosos.  Fui lá visitá –la algumas vezes. Sempre encontrei a Maria dando assistência a tia Rute.  Maria acompanhou Tia Rute como uma filha acompanha uma mãe.

Tia Rute, a última da família a partir.  Não pude estar no seu enterro pela distância. Mas, telefonei a Maria e lhe pedi comprar flores em nosso nome.

Neste momento, ao relembrar tantas histórias verdadeiras, onde o real é mais bonito que a lenda,  quero oferecer flores a todos que partiram e como espírita que sou dizer:

“Amigos: Até qualquer dia. Que tenham muitas  flores onde estão”.

Campinas, 2 de outubro de 2016

Júlia M Casulari Motta

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Participação de nascimento do Paulo

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Paulo criança em São Geraldo

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Paulo e Ruth

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Ruth Braga da Motta – esposa

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Turma da Medicina, um deles é o Juscelino Kubstchek, não sei qual é

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Formatura em Medicina

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Turma da Medicina

FILHOS:

  • LUIZ PAULO BRAGA DA MOTTA, advogado, falecido em 18/03/1991, solteiro. Quando de seu falecimento, apareceu um filho de que ninguém sabia da existência, que foi acolhido pelos avós.

Segundo informações do Marcos Paulo, (Juquinha) o nome dele é Paulo Eduardo.

  • EDUARDO LÚCIO BRAGA DA MOTTA – 7/02/1940 – 30/01/1986 solteiro, advogado
  • Segundo as anotações da caderneta da Vovó Júlia, que citei em outro capítulo, Paulo e Ruth tiveram um filho Renato, nascido em 22-5- 1944, falecido ainda criança.

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Luis Paulo

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Luis Paulo

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Luis Paulo

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Eduardo Lúcio

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Eduardo Lúcio

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Eduardo Lúcio

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Eduardo Lúcio

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Paulo, Ruth e o filho Eduardo

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Rute e Eduardo Lúcio com amigas

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A família

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A família

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Missa no Mosteiro em Belo Horizonte em comemoração aos 70 do Dr.Paulo à direita Ruth, Tia Rachel (irmã mais nova de Paulo) e Júlia, minha irmã.

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Com o afilhado Juquinha (Marcos Paulo Ribeiro) que foi a alegria de seus últimos anos de vida.

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Luis Paulo e Juquinha

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Aniversário do Juquinha

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Paulo, Eduardo, Juquinha e um amiguinho

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Em Juiz de Fora, 1975

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Tio Paulo e Tia Ruth no Cairo

LEMBRANÇAS DA GORETTI

O Tio Paulo e tia Ruth foram meus padrinhos de batismo. Mamãe sempre dizia que teve um tempo que eles queriam que eu fosse “dada” para eles porque só tinham filhos homens. Não sei se era verdade. Apesar de padrinho tive pouquíssimo contato com ele, que não ia a São Geraldo na minha infância. Mas a ele mamãe sempre apelava pelo telefone quando algum dos filhos adoecia e São Geraldo não tinha médico. (Mais ou menos como todos fazemos hoje com o Mano Luiz Augusto nos apertos!).

Mamãe contava que uma vez ele disse que ela deveria dar muitas “frutas” para algum que estava doente. E ela disse: mas como vou fazer isto se aqui não tem maçã? Fruta para doente era maçã… E ele ficou bravo: ai tem goiaba, manga, etc!!!

Tia Ruth convivi um pouco mais porque ela ia vez por outra e nos casamentos, etc especialmente em Juiz de Fora, creio que ela tinha parte da família dela lá. Quando a Júlia morou em Belo Horizonte, eu sempre ia nas férias pra casa dela e sempre visitávamos o Tio Paulo.

Nestas visitas ele me dava um dinheiro de presente de padrinho. Eu e Júlia comprávamos tecido e ela costurava vestido pra mim. Uma vez fez até uma roupa para o carnaval. Assim o dinheiro rendia.

Lembro destas visitas, lembro que fomos todos lá na festa de 70 anos dele. Era sempre motivo de conversas na família, mas para mim quando criança uma figura meio personagem, já que nunca aparecia.
Goretti

Contribuição de Júlia Maria Gusmão da Motta – filha do Tio Diniz e Tia Eunice

Lendo , agora , que tio Paulo e tia Ruth queriam ficar com a Goretti ( porque não tinham filhas ) relato , aqui , que esse foi também o motivo da desavença deles com minha mãe porque , assim que meu pai faleceu ( eu estava com 4 anos ) eles , também queriam que minha mãe me desse para eles e , como isso não aconteceu , se zangaram e nunca mais nos procuraram , Ele alegava , também que , por ser o irmão mais velho de meu pai , caberia a ele , me criar , já que eu tinha ficado órfã …. mas , como vocês sabem , a Dona Eunice é ” brava” até hoje , com seus 101 anos , imagine aos 32 …. dar uma filha ??? Nem pensar !!!!!!!

RECIBO DE CONSULTA FEITA COM O DR. PAULO

Um paciente do Dr. Luis Augusto Casulari Roxo da Motta, sobrinho do Dr. Paulo, guardou este recibo de uma consulta e deu-o ao Luis Augusto. Data da consulta 1941!

Scan recibo do tio Paulo – paciente que atendi no DASPRecibo consulta tio Paulo

LEMBRANÇAS DO TIO PAULO, PELO  LUIS AUGUSTO

O meu contato com o Tio Paulo sempre foi muito agradável. Quando estava para me formar, fui a Belo Horizonte procurar residência médica. Hoje, existe mais transparência na seleção para a residência médica. Quando formei, em 1974, funcionava muito a indicação de alguém.

Procurei o Hermes Pardini, que tinha um laboratório de análises clínicas e que se tornou uma potência nesses 40 anos. Essa foi por indicação do Dr. Kalill, um excelente professor de doença infecciosa e parasitária, em Juiz de Fora.

Procurei o Tio Paulo para ver se conseguia entrar no Hospital Felicio Rocho. Ele foi chefe da pediatria do hospital desde a sua fundação. Havia se aposentado uns meses antes e acho que estava se recuperando de cirurgia de vesícula. Não me lembro com detalhes, por haver quase 50 anos do evento. Ele pediu que a tia Ruth me acompanhasse até o hospital para ser apresentado aos colegas como “sobrinho do Dr. Paulo”. Mas ele já me adiantara que o mais provável seria que eu não fosse aceito. Para dizer a verdade, não me entusiasmava fazer pediatria. Como todos sabem, vim para Brasília e estou aqui muito bem.

Em alguns encontros, admirava a sua capacidade médica muito além do seu tempo e do médico comum da época. Por exemplo, assinava a revista de pediatria francesa e dizia, com orgulho, que ia à Paris pagar a assinatura da revista in loco. Durante o seu curso de medicina, e até os anos cinquenta, estudava-se medicina em livros em francês. Acredito que raros médicos na época tinham este cuidado de aperfeiçoamento. Foi pioneiro importante da pediatria em Minas Gerais. Tanto que é o patrono da cadeira número três da Academia de Pediatria de Minas Gerais.

Uma coisa folclórica, vamos dizer assim, da sua atividade pediátrica era que experimentava os xaropes para sentir se tinha bom sabor. Para receitar, era necessário passar pelo o seu controle de qualidade.

Um aspecto interessante do Dr. Paulo era que receitava por telefone. Foi um pioneiro na telemedicina. A mamãe, quando tinha dúvidas em São Geraldo a propósito de algum problema de saúde dos filhos, enfrentava a demora em conseguir ligações telefônicas para Belo Horizonte. Pelo o que parece, o Dr. Paulo sempre acertava, porque todos estão vivos até hoje. Mas o interessante para nós, médicos, é que ele nunca nos examinou. E acertava na conduta. Ou, se teve alguns erros, não foram importantes.

Uma famosa jornalista de Brasília, que já foi minha paciente, foi atendida pelo Dr. Paulo em Belo Horizonte, antes de se mudar com a mãe para Salvador, na Bahia. Ela procurou-me justamente pelo meu sobrenome semelhante ao do seu pediatra na capital mineira. Seu pai era médico, amigo do Tio Paulo, e ficava possesso, porque ele receitava para a sua filha, orientando a sua mãe por telefone, sem examinar!

O Tio Paulo contava a história que, posteriormente, constatei já como médico experiente, quando recebia no consultório um paciente, só de olhar já sabia o diagnóstico. Fazia todo o mise en scene da consulta por causa dos pais. Imagina receitar sem conversar e examinar. Nos últimos tempos, na Clinen, lembrava-me disso quando falava com o(a) paciente o que ele(a) tinha, antes de qualquer queixa dele(a).

Uma outra coisa que tínhamos em comum como médicos é a caligrafia. Ele mandou uma receita para São Geraldo e ninguém conseguiu aviá-la. A mamãe teve que telefonar ao Tio Paulo para que ele dissesse qual era o remédio. A minha teoria é que os pacientes são analfabetos e não conseguem ler a minha clara receita e ficam dizendo que “é letra de médico”.

Um drama que o Tio Paulo e a Tia Ruth enfrentaram foi a perda da filha com dois ou três anos de idade. O papai contava que o Tio Paulo não se conformava com a perda da filha. Entre outros motivos óbvios para quem perde um filho, era que tinha certeza do diagnóstico e como deveria ser feito o tratamento, como pediatra de ponta na profissão que era. Consultou outros médicos e todos concordavam com o seu pensamento, mas não conseguiu salvar a própria filha. Quando a Goretti nasceu, eles propuseram adotá-la. A resposta da mamãe foi de que não colocava filho no mundo para dar para qualquer pessoa. Foram esses fatos que levaram os nossos pais a escolherem o Tio Paulo e a Tia Ruth como padrinhos de batismo da Gorettinha.

Em 1979, nasceu a Ana Claudia, com problemas de saúde que durou pelo menos dois anos. O Tio Paulo marcou de vir vê-la com o Eduardo Lúcio. Contudo, ocorreu um imprevisto que acabou tirando a chance de ele examinar a Ana Claudia. Uma participação na conduta da Ana Claudia foi que importamos dos EUA o aciclovir, que ainda era uma droga experimental. Quem trouxe a droga foi a Dra. Custódia, minha colega de residência médica, que estava naquele país e era a pediatra da minha filha. Como era uma droga experimental, sem saber ao certo os seus efeitos colaterais, consultamos o Tio Paulo e o Professor Farah em São Paulo. Ambos acharam que não deveria ser usada. Em medicina, temos a máxima de primeiro não causar danos. E a nossa experiência acumulada, cada vez nos leva a ser menos agressivos no tratamento dos doentes. E o Tio Paulo ajudou na nossa decisão de observar. Deixar a natureza agir.

Há alguns anos escrevi um artigo em que descrevia o tratamento da síndrome Nelson com a cabergolina. Foi o segundo caso descrito na literatura e é bastante citado na literatura médica. Um belo dia, recebi uma mensagem de um médico de Belo Horizonte solicitando o artigo. Ele ainda é endocrinologista do Hospital Felicio Rocho, onde o Tio Paulo fez carreira como pediatra e foi fundador do serviço. Informei-lhe isso e manifestei a minha satisfação por estar tendo contato com um dos endocrinologistas desse hospital. Posteriormente, fui convidado para participar de uma reunião científica no hospital em que abordaria distúrbio do metabolismo da água. Fiquei hospedado no apartamento do José Reinaldo, apesar de terem me oferecido um hotel. Junto com a minha participação no Hospital Felicio Rocho, eu estava envolvido também com o Conclave das Academias de Medicina, no prédio da Associação Médica de Minas Gerais. Foi meio complicado, mas consegui atender aos dois eventos.

No Hospital Felicio Rocho, somente os médicos mais antigos lembravam do Dr. Paulo. Um dos endocrinologistas, que conhecia há muitos anos, disse que ele tinha sido atendido pelo pediatra Dr. Paulo.

Ironia do destino: retornava ao Hospital Felicio Rocho 40 anos depois para dar aula onde não fui aceito para fazer residência médica.

Uma outra lembrança do Tio Paulo foi o comentário do papai quando ele foi Secretário de Saúde da Prefeitura de Belo Horizonte, no governo do Jorge Carone Filho, que foi prefeito de 1963 a 1965. Acredito que o Dr. Paulo foi convidado por ser médico competente e por serem quase vizinhos ao nascer, porque o prefeito nasceu em Visconde do Rio Branco. Parece que ficou poucos meses. Acredito que um excelente médico raramente tem capacidade administrativa. O foco é a medicina e não a papelada em cima da mesa.

Quando o Tio Paulo se mudou para Belo Horizonte, depois de um curto período como médico em Ervália, o papai foi visitá-lo. Achou-o muito nervoso, irritado com qualquer coisa ou pessoa. Observou que, à noite, depois do consultório, ele saia para ver pacientes no bairro. Então o papai aconselhou-o a comprar um sítio próximo a Belo Horizonte, para passar os finais de semana. Segundo o papai, foi a salvação para o Dr. Paulo. Ele ia para o sítio, por exemplo, andar a cavalo. Não tenho certeza, mas esse cavalo pode ter sido enviado do Caeté para o sítio e tinha um nome especial, que não me recordo.

É uma tristeza muito grande para nós médicos quando perdemos um paciente. Na nossa formação existe a ideia de nunca desistir. Às vezes existe até um exagero nesta atitude. Perder um membro da família é muito mais doloroso. Isso aconteceu com o Tio Paulo duas vezes. Uma delas quando faleceu a sua filha. A outra foi no falecimento do seu irmão Júlio Diniz. Ele faleceu de leucemia aos 33 anos. O papai descreveu que o Dr. Paulo ficou arrasado, mas, na época, não havia tratamento para essa doença como existe nos dias atuais.

Uma triste coincidência, que não me sai da lembrança, em relação ao Tio Paulo é o do seu falecimento. Foi no dia 25 de janeiro de 1983. Estava no avião indo para Milão, na Itália, para fazer o curso de especialização no INstituto di Endocrinologia. Quando consegui falar com a Lucília, ela me disse que meu tio havia morrido naquela madrugada.

Essas são as lembranças do Dr. Paulo Roxo da Motta, médico como eu, entusiasta da profissão.

Luiz Augusto Casulari Roxo da Motta

Cartão recebido pela Tia Ruth por ocasião de seu casamento com, o Tio Paulo