23 – LIA ROXO DA MOTTA

8       LIA ROXO DA MOTTA (02/06/1919 + ) formada professora, casada com ANTONIO SALLES SOBRINHO (+1990)

FILHOS:

8.1    LUIS CARLOS DA MOTTA SALLES (12/02/1945) pecuarista em Governador Valadares,  casado com CLEONICE PAIVA, professora. Filhos:

8.1.1 Márcia Paiva Motta Salles

8.1.2 Patrícia Paiva Motta Salles

8.1.3 João Paulo Paiva Motta Salles

8.2    JÚLIA MOTTA SALLES( +) Professora de História, produtora rural em Governador Valadares, foi casada com HILBERTO CARVALHO LOPES, Procurador da República em Belo Horizonte. Filhos:

8.2.1 Roberto Salles Carvalho Lopes

8.2.2 Eliana Salles Carvalho Lopes

8.3    HELENA MOTTA SALLES, Professora da UFJF, foi casada com JUBEL BARRETO, Médico Psiquiatra em Juiz de Fora. Filhos:

8.3.1 André Motta Salles Barreto

8.3.2 Tatiana Motta Salles Barreto

8.3.3 Mônica Motta Salles Barreto

8.3.4 Bruno Motta Salles Barreto

8.4    JOÃO LÚCIO DA MOTTA SALLES, pecuarista, foi casado com SILVANA PETERSEN, Professora. Filhos:

8.4.1 Daniel Petersen Salles

8.4.2 Fernando Petersen Salles

8.4.3 Lúcio Petersen Salles

8.5    MARIA DO CARMO MOTTA SALLES, Psicóloga, foi casada com IVAN BARBOSA. Filhos:

8.5.1 Pedro Motta Salles Barbosa

8.5.2 Tiago Motta Salles Barbosa

8.6    ANTONIO ALUISIO DA MOTTA SALLES falecido aos 18 anos

8.7    JOSÉ MÁRCIO DA MOTTA SALLES, advogado, casado com MARISE COUTINHO, Filhos:

8.7.1 Elisa Coutinho da Motta Salles

8.7.2 Josué Coutinho da Motta Salles

8.8 JULIANA DA MOTTA SALLES, jornalista

Minhas lembranças de Tia Lia e Tio Salles vêm da infância, da casa deles em São Geraldo, que achávamos muito linda e do período em que ficamos lá quando o Luis Augusto nasceu. Deste período, lembro-me do que a mamãe contava, porque éramos muito novas ainda, Júlia e eu. E das fotos que temos de lá…

Lembro-me da tia Lia como uma pessoa muito calma, sorridente, tranquila. Mamãe contava que, quando ficamos em casa dela, estávamos penduradas em cima do muro e a mamãe nos tirou de lá zangando e me deu uma palmada. E eu chorava e dizia que queria ser filha da Tia Lia, porque ela ria de tudo!

Dessa época também tem uma história de que eu e Luis Carlos, que temos a mesma idade, na época uns 4 ou 5 anos, havíamos sumido e ninguém conseguia nos encontrar. Foram nos descobrir no galinheiro, cada um sentado em um ninho, chocando os ovos e as galinhas desesperadas querendo nos tirar de lá!

Lembro-me da casa e, principalmente, do fogão a lenha que era de ferro esmaltado, com uma portinha por onde se colocava a lenha. Achava uma beleza aquele fogão! O nosso era de tijolo e cimento e passava-se um mistura de barro branco com água para melhorar o seu aspecto.

Em São Geraldo, durante o mês de maio, havia coroação de Nossa Senhora na igreja e coroamos as três: Eu, Júlia minha irmã e Júlia da tia Lia. Vestidas de cores diferentes: azul, rosa e verde, com um símbolo nas mãos: Azul, que era o meu vestido, carregava uma cruz, significando a fé. Verde, esperança, era a Júlia, irmã, o símbolo era uma âncora, rosa a Julinha da Tia Lia, caridade, o símbolo um coração.

Em São Geraldo acho que nasceram o Luis Carlos, a Júlia, o João Lúcio e Helena. Depois eles se mudaram para Bicas, onde moravam os Salles, e mais tarde para Juiz de Fora.

Eu me lembro da primeira casa em Juiz de Fora, em um bairro novo, acho que era o Bairu. Havia um barranco nos fundos com terras coloridas e brincávamos de escavar e tirar as terras de várias cores.

Depois foram para a rua Dr. Vilaça, uma casa linda, de 3 andares, isto é, entre o primeiro e o segundo andar havia um quarto intermediário, em cima da garagem.

Convivi um pouco com o Luis Carlos e a Júlia. Luis Carlos estudou em Viçosa, o Curso Técnico de Agronomia e, às vezes, no final de semana ia a São Geraldo. Minhas amigas ficavam todas “assanhadinhas” com aquele meu primo bonitão e, além do mais, rico, filho de fazendeiro.

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Direita: Fiuta, Leinha, Lia, Laura, Delizete Magdá, a criança é a Judite (que a vovó criou) Na praça de São Geraldo

Casamento de Tia Lia com Tio Sales ( 18/12/1943)

Casamento

Antonio Salles e Lia

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Varanda do Caeté – Direita Salles, Lia com o Luis Carlos ainda bebê, Vovó Juju, Rachel, Ena, a da frente, de branco, não sei quem é, atrás Deolinda Cardoso, uma moça com uma criança, Judite de óculos

Antônio Sales e Lia - abril de 1943

Lia e Salles,

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O casal e Luis Carlos

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O casal e Luis Carlos

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Quem é quem? Luis Carlos e eu, Regina

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Agora está mais fácil, de vestido Regina, Luis Carlos. Temos a mesma idade, diferença de 6 dias

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Luis Carlos e Eu, Regina

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Luis Carlos com um bebê no colo, que eu acho que é a Helena, à direita Luis Augusto, a esquerda João Lúcio

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Luis Carlos

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Tio Salles, Regina mexendo no saco de milho

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Luis Carlos

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Júlia

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Nossa coroação: esquerda Júlia irmã, meio Júlia Salles, direita eu, Regina

Antônio Aloísio

Antonio Aloisio – faleceu com 18 anos em um acidente. Uma das lembranças mais tristes que eu tenho. A tristeza da tia Lia até hoje me comove. Ele tinha ido a São Geraldo, na minha casa, no carnaval e, logo depois aconteceu o acidente a 200 m de sua casa.

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Juliana, a filha caçula

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Juliana em São Geraldo, foi lá com a tia Ena

1ª comunhão de Helena Motta Salles(25/05/1957)

Helena

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Casa da tia Lia na Dr. Vilaça, Juiz de Fora. Meus irmãos e os filhos da Tia Lia, a menorzinha de laço no cabelo é a Goretti

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Casa da tia Lia em São Geraldo, hoje. Só mudou a pintura e incluíram grades. As 4 irmãs: Goretti, Júlia, Conceição e Regina

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No casamento do Marcelo, meu filho: tio Lino, Lúcia, Mamãe, Tia Lia, Tia Maud

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Visita da tia Rachel, á direita Tio Salles, poucos dia após esta foto ele faleceu em um acidente.

Tia Lia, tia Rachel, Papai, tia Maud, tia Ena, Mamãe Laura, atrás José Reinaldo, na frente Solange, esposa do José Reinaldo, Silvana esposa do João Lúcio, Helena da Tia Lia

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Recordação do tio Salles

LEMBRANÇAS DE MINHA QUERIDA PRIMA JÚLIA

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Em Juiz de Fora, Tia Ena, Júlia e Regina (eu)

Júlia frequentou a minha casa em São Geraldo. Uma vez fomos a Ervália, em um baile, a convite de uma amiga, Maria Inês, que estudava comigo em Visconde do Rio Branco, na Escola Normal. O pai dela tinha um Hotel lá em Ervália.

Este passeio rendeu histórias: Fomos de trem até Coimbra, Júlia irmã, Júlia prima e eu. De lá fomos de ônibus para Ervália.

O baile foi ótimo e a Júlia prima deu um show dançando Twist que estava na moda e quase ninguém sabia dançar. No auge de seu show a sua anágua caiu. Ela nem se importou, pegou a anágua no chão e continuou a dançar com ela em volta do pescoço!

O Padre Orozimbo de São Geraldo ficou sabendo do nosso passeio e, no sermão da missa de domingo, fez uma pregação que deixou a mamãe arrasada! Dizia: Essas mães que não cuidam das filhas e deixam ir pra outra cidade para bailes etc etc…

Júlia Salles, já namorando o Hilberto, que seria seu marido, veio a São Geraldo com ele em um carnaval. Eu já estava casada. Hilberto adorou a farra de São Geraldo e dizia: _ Isto aqui é um paraíso!!

O carnaval em São Geraldo era famoso na região, os blocos estavam na rua o dia todo e, em cada casa que passavam e entravam eram recebidos com bebidas e comidas.

Ela se casou com o Hilberto, advogado, que se tornou procurador da República e foram morar em Belo Horizonte. Nesta época não tive contato com ela. Mas, quando precisei, ela me recebeu em sua casa, me ajudou e, chego a me emocionar até ás lágrimas, quando me lembro disso!

Eu já morava em Bicas, quando o Guilherme adoeceu, aos 2 meses de idade. Fui para Juiz de Fora e começou uma peregrinação por médicos e exames sem que houvesse um diagnóstico preciso.

Em desespero, entrei em contato com o Tio Paulo, pediatra em Belo Horizonte, com quem eu não tinha nenhuma intimidade. Ele me aconselhou que tirasse o Guilherme do Hospital e o levasse para Belo Horizonte.

Liguei para a Júlia e, imediatamente, ela se dispôs a me receber, apesar de sua filha, Eliana, ser da mesma idade que ele e, de certa forma, correr o risco de se contaminar por não sabermos qual era o problema dele.

Tio Paulo descobriu, tratou e o Guilherme se tornou um adulto forte e saudável.

Mas a ajuda da Júlia foi inestimável!

Anos depois ela se separou do Hilberto. Era professora de História e Geografia, autora de vários livros didáticos e não didáticos.

Quando o Tio Salles morreu, em um acidente estúpido, ele já tinha feito a divisão da fazenda em Tumiritinga, perto de Governador Valadares.

Júlia me contou que, quando foi até lá para ver a parte que lhe coubera, decidiu que levaria adiante a sua parte, desistindo de colocá-la à venda. E começou as suas idas e vindas de Belo Horizonte até Tumiritinga

A princípio, construiu uma sede para se instalar quando viesse. Esta primeira casa, segundo seu relato, foi incendiada. Então decidiu deixar tudo em Belo Horizonte, as Faculdades onde lecionava, e ficar residindo na fazenda.

Estive algumas vezes lá e foram experiências inesquecíveis!

Uma das vezes, estávamos nós duas na varanda da cozinha jogando baralho, eu estava de costas para o quintal e ela de frente. De repente, levantou-se e entrou na casa, sem dizer uma palavra. Voltou rapidamente com um revólver e deu dois tiros para o quintal.

Fiquei apavorada, sem palavras, e ela me disse que havia um cão estranho no quintal e ela havia atirado para espantá-lo!

Em outra noite, fomos para a estradinha que levava à fazenda, onde havia um rio e uma pontezinha de madeira. Deitamos, as duas, sobre a ponte para apreciarmos o céu estrelado. Uma visão maravilhosa da qual jamais me esqueci.

No dia seguinte chegou um veterinário para vacinar e marcar as novilhas. Ai eu descobri que todas têm um nome e que os bezerrinhos reconhecem o nome da mãe. Havia 22 novilhas para serem marcadas, com uma espécie de brinco na orelha onde fica escrito o nome.

Fomos fazer a lista de nomes: Aprendi que devem ser trissílabos, paroxítonas, para serem melhor memorizados e pronunciados pelos vaqueiros. Sugeri que batizasse uma com o nome de Scarlet, porque ela, Júlia, me lembrava o tempo todo a heroína de “O vento levou”!

Ela me disse que não daria certo, era muito difícil de pronunciar pelos vaqueiras. Um deles que ouviu, retrucou: “Que nada patroa, Iscarlete é inté bão de falá!”

Outra vez voltei lá com amigas daqui de Guarapari. Fomos de trem, pela ferrovia da Rio Doce, um passeio delicioso. Era carnaval. Júlia fazia tudo para nos agradar e receber bem.

Resolveu fazer um churrasco e convidou os seus funcionários, que viviam em Tumiritinga, para participarem com as suas famílias. Em um quartinho onde guardava ferramentas e insumos, havia uma cobra jararaca que ela havia conseguido capturar e colocado em um vidro para mandar para o Butantã. Resolveu, então, mostrar a cobra para eles, que ficaram apavorados!

“Dona Júlia, além de dar tiro, agora a senhora ainda tem cobra presa???”

E ela morria de rir! Adorava a sua fama de bravura.

Depois que me mudei para Guarapari ela veio algumas vezes aqui em casa.

Uma dia ela me ligou dizendo que estava vendendo a fazenda e queria vir para Guarapari para experimentar. Pediu que lhe conseguisse um apartamento para alugar. Informei que aqui no meu prédio havia um. Disse que iria resolver ainda algumas coisas lá e depois viria para resolver o aluguel.

Nunca mais nos falamos. O telefone não atendia. Depois fiquei sabendo que fora para Florianópolis, onde vivia a sua filha Eliana.

E, logo depois, recebi a triste notícia de que havia falecido.

Uma amiga inesquecível, uma figura humana extraordinária!

fazenda

Na fazenda

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Vacinando o gado

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Tia Ena, Júlia, Tia Lia, Tia Rachel e Lúcia – foi a última visita da tia Rachel a Juiz de Fora. Papai estava doente e o Tio Lino também. Ela conseguiu uma licença para visitá-los. Logo depois o Tio Salles, que estava ótimo, faleceu em um acidente.

Contribuição de Luis Carlos da Motta Sales:

Peço licença aos amigos para contar uma História, que me foi narrada por minha mãe. A história se passa em S. Geraldo, que era a terra dela, na década de 40. S. Geraldo era uma cidadezinha pacata, que vivia em torno de uma oficina de manutenção de locomotivas Maria Fumaça da Leopoldina Railway. nada mais natural que a maioria de seus moradores, fossem funcionários da Ferrovia. Eram maquinistas, foguistas, chefes de trens, as equipes eram trocadas lá, viajando sempre para Bicas ou Ponte Nova, de acordo com a escala. Corria a vida tranquila, a cidade crescendo lentamente, mas sempre calma e pacífica. De repente, essa tranquilidade foi quebrada pelo surgimento de um fantasma, que passou a assombrar as famílias dos ferroviários. Era um homem de saias, que entrava a noite, nas casas cujo o chefe estivesse viajando, a serviço. Logo se instalou o caos na cidade, uns garantiam que o Homem de Saias era um fantasma, outros que era um tremendo Sem Vergonha, que estava se aproveitando dos chefes de família estarem sempre viajando, para entrar nas casas, para roubar, e haviam até relatos de tentativas de se aproveitar das esposas, que sempre diziam ser impossível reconhecê-lo por estar sempre de máscara. Não demorou muito para começar a haver faltas nas escalas, ferroviários que se recusavam a viajar para não deixar as famílias desprotegidas. O destacamento policial, que na época se resumia a um único policial, até se esforçava, passava as noites patrulhando, passou a monitorar as partidas dos trens, para verificar quem estava de serviço, mas nada adiantava. O Homem de Saias parecia ter informações privilegiadas, chegava sempre à frente do policial. Até que um dia um foguista escalado para viajar para Ponte Nova, pediu a um amigo que o substituísse naquela viagem, No dia da escala, todos que estavam na estação, viram o Foguista sair na locomotiva, alimentando a fornalha com o maior entusiasmo. O que ninguém viu foi que abaixado dentro da locomotiva, escondido, ia o amigo substituto. Logo depois da estação este tomou o lugar do Foguista, que desceu do trem, antes do pontilhão, qua havia depois do Sapecado, um arruamento onde funcionava a Zona Boêmia, muito pouco frequentado durante o dia, à luz do sol, embora a noite fervilhava de gente, O Foguista desembarcou, atravessou o Sapecado deserto, e pelos fundos dos quintais. se dirigiu para sua casa.As casas naquela época, tinham quintais imensos, verdadeiras chácaras, era fácil passar por eles despercebido. Já a noite se muniu de um facão, e foi tocaiar o Homem de saias. Já depois da meia noite, ouviu uma barulhinho no portão. Alertado pelo barulhinho, viu um vulto se esgueirando para sua casa, Não conversou, não discutiu, não trocou ideias, deu uma facãozada na direção da cara do safado, sentiu que acertou, e que o safado saiu correndo, a saia voando nas esquinas. No outro dia foi tentar seguir o rastro de sangue, que era muito, mas se perdia em um matagal, próximo da sua casa. Mas em cidade pequena as notícias se espalham com grande facilidade, logo todos estavam sabendo que o Homem de Saias, estava ferido no rosto, que devia ser um corte extenso, que fatalmente deixaria uma cicatriz, Sentindo que o mistério estava desfeito, a população passou a monitorar todos os estranhos, procurando a marca do facão no rosto. Mas todos foram surpreendidos pelo sumiço do soldado, tão esforçado, que perdeu tantas noites de sono, patrulhando atras do homem de Saias, mas sempre enganado por ele. Alguns atribuíram o sumiço à vergonha de ter sido derrotado pelo safado! Outros mais corajosos ou mais maldosos, diziam que o soldado é que era o homem de saias, nem mesmo quando um caminhão veio buscar sua mudança, não se sabe para onde, ele reapareceu. E esse mistério persiste até hoje, Quem era o Homem de Saias?

Uma nova História do Luiz Carlos da Motta Sales

Nestes dias de imundícies do STF, de sujeiras do Congresso Nacional, de comércio escancarados de cargos, pelo Presidente da República, em troca de votos para aprovação de reformas, que não têm a menor aprovação popular, o melhor a fazer é voltarmos à nostalgia, de tempos felizes que não poderão voltar nunca, a não ser em nossas lembranças! Por isso, não farei nenhum comentário político neste texto, vou voltar a ser o velho chato que sempre fui, vou encher o saco de todos com minhas lembranças. Não vão consertar nada da bagunça que virou o Brasil, mas servirá para passar o tempo, meu em escrever e dos amigos, que resolverem perder tempo em ler. Mas garanto uma coisa, mal não fará a ninguém a leitura! Em 1961, fui estudar em Viçosa, cursando o Agrotécnico da UREMG curso que não terminei, por malandragem, mas me formei em farras, bebedeiras, namoros, serenatas, etc, etc, etc! Na época tinha um tio, Luiz Roxo da Motta, Lizote, que morava em S.Geraldo, próximo a Visconde do Rio Branco, terra da minha mãe. Tio Lizote foi um político diferente em S. Geraldo, homem culto, leitor compulsivo, cursou Direito até o terceiro ano, não se formando por meu avô ter falido, e ficar sem condições de sustentá-lo na faculdade em BH. Se candidatou a vereador em S. Geraldo, mas por ser um homem culto, em cidade pequena e atrasada, era procurado para escrever os discursos, não só por seus correligionários, da oposição, como por seus adversários da situação, fato que causou-lhe inúmeros problemas com os correligionários. Casado com uma professora primária, tia Laura, adquiriu uma família imensa, 8 filhos, primos de quem gostava muito, mas que infelizmente perdi o contato. Em uma das várias visitas que eu fiz a casa deles, arranjei uma namorada lá em S. Geraldo, amiga de minha prima Regina. Talvez tenha sido a minha primeira paixão arrasadora, a ponto de prometer que se a garota terminasse comigo, iria para o Seminário, para ser Padre. A garota me deu um pé na bunda, e eu não cumpri a promessa, talvez tenha sido pecado meu, tenho dúvidas até hoje. Mas se a Igreja perdeu um pregador medíocre, eu aproveitei a minha vida mundana, me esbaldei, a ponto de no fim daquele ano tomar bomba em todas as matérias, um fracasso total. mas valeu a experiência, mais tarde, quando fui chamado a encarar algumas responsabilidades estava maduro, tirei de letra! Naquela época, o trem da Leopoldina passava em Viçosa às 3:30 da rarde, mas eu tinha aulas práticas até às 4:00 horas, não tinha como ir de trem. Mas eu estava apaixonado. não poderia perder a oportunidade de ver a garota. A solução que encontrei foi ir de bicicleta, todo sábado. 50 Km de bicicleta, descendo serra na ida, mas subindo na volta, o que transformava os 50Km em aproximadamente 200 Km! A minha sorte é que arranjei um amigo, um catarinense descendente de alemães, Aroldo Laemmel, que se dispôs a enfrentar essa maratona comigo. O Aroldo nunca foi companheiro das farras que eu me metia, sempre foi companheiro nas viagens, é bom esclarecer, senão a D. Joana sua esposa poderá brigar com ele. Bom companheiro, de quem até hoje guardo uma imensa saudade, e ainda vou tirar uns dias de folga para visitá-lo em Santa Catarina!