26 – O casamento de Luiz e Laura

1 Laura Casulari da Motta (18 de junho de 1916 + 13 de maio de 1999)

 e Luiz Roxo da Motta (8 de maio de 1910 + 01/12/1991 )

Casaram-se em São Geraldo em 8 de maio de 1944

arvore-genealogicaigrejinha

Esta foto foi feita 4 meses depois do casamento, mamãe já estava grávida de mim. Esta capela existia no sítio. Quando se casaram não havia fotógrafo na cidade.

06

 FILHOS, NETOS E BISNETOS, TRINETO:

1 -Regina Helena Casulari Roxo da Motta (18/02/1945) e Ary de Oliveira (+6/05/1986)

1 . 1 Marcelo Motta de Oliveira (11/03/1965) Juiz Federal e Vânia Pinto da Motta (10/01/1966) Assistente Social

1.1.1 Mariana da Motta Fagundes Lira (13/04/1987) Empresária e Prof de Inglês e Rafael Fagundes Lira (9/03/85) Empresário

1.1.2 Marcos Luiz Pinto Motta (20/01/1994) Estudante de Educação Física e Thais Souza Estudante de Pedagogia

davi

1.1.2.1 Davi Souza Motta (14/07/2014)

1.1.3 Lucas Pinto da Motta (26/6/2001)

1.2 Daniela Motta de Oliveira (28/08/1967) Prof Titular da UFJF e Mário Sérgio Ribeiro (21/11/1954) Médico Psiquiatra Prof da UFJF

1.3 Regina Célia de Oliveira (01/03/1969) Prof Dra de Botânica na UNB e Jorge Pereira dos Santos (Funcionário aposentado do Senado)

gabi

1.3.1 Gabriela Motta Oliveira Santos (1/03/2002)

1.4 Guilherme Motta de Oliveira (12/12/1974) Arquiteto e Empresário e Elisângela Sudré (23/12/ 1972) Psicóloga

marina

1.4.1 Marina Sudré Motta de Oliveira (17/11/2001)

1.5 Flávia Motta de Oliveira Guiñez (11/03/1980) Musicista na Filarmônica de Belo Horizonte e Pablo Eduardo Guiñez Vergara (19/08/1982) Musicista da Filarmônica de Belo Horizonte

mateus

1.5.1 Mateus Guiñez de Oliveira (23/04/2011)

beatriz

1.5.2 Beatriz Guiñez de Oliveira (1/03/2015)

2 Júlia Maria Casulari Roxo da Motta (4/06/1946) Psicóloga doutora em Saúde Coletiva pela UNICAMP. Professora de Psicodrama na Universidade de Havana , Cuba e no IDH , Porto Alegre. Psicoterapeuta de família em Campinas.e Sérgio Martins de Souza ( )Administrador de Empresas

2 .1 Júlia Paula Motta de Souza (16/10/1970) Doutora de Educação pela UNICAMP. Professora de reeducação alimentar e Claudio Plaza Pinto, Goiania, (13-03-1971) mestre em engenharia pela UNICAMP. Engenheiro da Petrobras.

2.1.1    Clara Motta de Souza Pinto, Campinas. (16-08-2000)

2.1.2    Laura Motta de Souza Pinto, Campinas.(28-05-2012)

2.2. Sérgio Ricardo Motta de Souza (01/02/1972) engenheiro mecanico pela UNICAMP. Coordenador de energia aeólica para America Latina da GE.  e    Manoela Pereira de Queiroz, São Paulo. (17-10-1976) pedagoga pela PUCSP. Professora de artes na Escola Viva SP.

2.2.1 Antonio Pereira de Queiroz e Souza, São Paulo. (24-03-2008) (gêmeo)

2.2.2 Francisco Pereira de Queiroz e Souza, São Paulo. (24-03-2008)(gêmeo)

2.2.3 Caetano Pereira de Queiroz e Souza, São Paulo. (31-10-2012)

2.3 Ana Raquel Motta de Souza, doutora em Linguistica pela UNICAMP. Professora de Português na FACAMP e Caio Petronio Barreira, musico pela UNICAMP. Professor de musica na Escola Comunitária.

2.3.1    Emanuel Souza Barreira, Campinas. (15-07-1998)

2.3.2    Davi Souza Barreira, Campinas. (02-03-2005)

3  Luis Augusto Casulari Roxo da Motta (29/04/1948) Médico Endocrinologista e Lucília Domingues (28/07/1950) Médica Ginecologisra

3.1 Ana Cláudia Domingues Casulari da Motta (11/02/1979) Graduação em Ciências Biológicas UNESP SP, Mestrado em Gestão Econômica do Meio Ambiente – UnB-DF, É Analista de Meio Ambiente da Secretaria de Estado de Meio Ambiente de Mato Grosso (SEMA-MT) e Benedito Ribeiro Silva Neto (12/08/1984)

da aninha

3.1.1 Nícolas Domingues Casulari Ribeiro 15/01/2015

3.1.2 Henrique Domingues Casulari Ribeiro e Vivian Domingues Casulari Ribeiro (25/06/2020)

3.2 Luis Gustavo Domingues Casulari da Motta (22/08/1980) Graduação em Ciências Políticas – UnB-DF, Graduação em Direito – IESB-DF, É Analista da ANEEL

3.3 Fábio Domingues Casulari da Motta (18/04/1982) Graduação em Jornalismo – CEUB-DF, Graduação em Letras – UnB-DF, É Analista Administrativo do INCRA, em exercício no Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário

4 Antônio Carlos Casulari Roxo da Motta (16/08/1950) Economista e Professor Universitário e Maria do Carmo Arreguy Mourão ( ) Socióloga

4.1 Carolina Mourão da Motta Coordenadora de consumer products da Hasbro do Brasil e Renato Fonseca de Melo Correia (20/05/1981) Técnico de Som

lais

4.1.1 Lais Motta Fonseca (14/03/2014)

4.2 Pedro Mourão da Motta –Mestre em Saúde Coletiva (Unicamp); Graduado em Fisioterapia ( UNIFIEO); Graduando em Psicologia (PUC-Campinas).Terapia Corporal Integrativa: Terapia Reichiana: Microfisioterapia; Renascimento; Reiki; Frequência de Brilho. LAPACIS (Laboratório de Práticas Alternativas, Complementares e Integrativas da Unicamp)

5 Laura Maria Goretti da Motta (17/05/1952) Prof Dra em Mecãnica do Solo na UFRJ e Antônio José Ribeiro Dias (31/08/55 ) Estatístico no IBGE

5.1 Beatriz Casulari da Motta Ribeiro (06/08/1984) Dra em Matemática professora na UFJF e  Bruno Loureiro Durão, nascido em 19/01/1981, designer

rafael

5.1.1 Rafael Motta Ribeiro Durão

5.2 Gabriel Casulari da Motta Ribeiro (15/03/1988) Engenheiro de controle da automação, Mestrado em Engenharia Robótica, cursando o doutorado em Engenharia Biomédica, 6 meses na Alemanha e atualmente em Boston EUA

6 Maria da Conceição Casulari Roxo da Motta (24/09/1954) Psicóloga e Jefferson Rodrigues Junior (27/08/1953 ) Engenheiro Civil

6.1 César Casulari Motta Rodrigues (18/10/1981) Economista

felipe

6.1.1 Felipe Motta Rodrigues

6.2 Adriana Casulari  Motta Rodrigues ( 17/12/84) –  Administração na Universidade Federal da Bahia e fiz um Mestrado de Direitos Humanos e Democratização no Centro Interuniversitário Europeu para os Direitos Humanos e Democratização em Veneza em conjunto com a Universidade de Graz na Áustria.

7  José Reinaldo da Motta (6/7/1957) sociólogo e Solange Garíglio Réche da Motta (8/8/1956) jornalista

7.1 Daniel Réche da Motta (4/8/1982) juiz de direito e Franciane Vilela Réche da Motta (31/12/1987) enfermeira

7.1.1 – Ligia Vilela Reche da Motta (10/10/2019)

Ligia

Histórias do Casal: Luiz Roxo da Motta e Laura Casulari da Motta

 Sobre o namoro dela com o papai, o que eu sei é uma carta do Tio Normandino para a tia Mariquinha, já casada e morando em Raul Soares, dizendo que ela estava namorando o Luiz da Motta, que era um bom rapaz, mas ele não acreditava que fosse se casar com ela. Essa carta existe, mas não sei onde está.

A família Roxo da Motta era considerada rica (nesta época nem era mais, já tendo havido a quebra do café que fez com que o avô Capitão Luiz da Motta perdesse quase tudo e morresse 7 meses depois) e requintada.

Mamãe sempre teve um certo complexo em relação à família do papai, não sei se merecido ou não. O fato é que ela nunca se sentia muito à vontade com eles.

Lembro-me de uma vez, eu era bem novinha ainda, que a Tia Ena veio a nossa casa, e ela pediu emprestado a Dona Célia Batalha, nossa vizinha e comadre dela, louças e toalhas para recebê-la.

O casamento não demorou a acontecer e foram morar no sítio onde eu e Júlia nascemos. Segundo o Salvador, este sítio era do papai. Depois que mudamos para a cidade, a Vovó Maria morou lá por um tempo.

o-sitio

no-sitioc

Mamãe comigo no colo, a esquerda Tia Fiuta, vovó Maria, Assunta, casada com irmão  de  Agostino Casolari (Augusto Casulari, nosso avô) e Tia Alzira

A casa do sítio

O sítio ficava ao lado dos trilhos da estrada de ferro Leopoldina e da antiga estrada de terra que levava a Rio Branco. Do outro lado da estrada havia um sítio de um Sr. Amorim, que não me lembro o primeiro nome.

O que me lembro de lá é muito pouco, era muito nova quando nos mudamos para a casa da rua 21 de Abril, perto do Grupo Escolar. Não tinha luz elétrica, usávamos lampiões e lamparinas à querosene. Havia um empregado, Sr. Demóstenes com a família que ficavam em uma casa na entrada da porteira.

demostenes

Sr. Demóstenes me ensinando a não ter medo do boi!

julia-e-eu-1

julia-e-eu

Julia e eu na porta da capelinha

Havia a capelinha, onde eles tiraram uma foto de casamento, 4 meses depois da cerimônia que foi na Igreja Matriz. Mamãe dizia que já estava grávida de mim quando da foto.

imagem

Imagem da capela que está comigo

asilo

Imagem que a vovó Maria doou para o Asilo de Idosos de São Geraldo. Fiz esta foto quando fui lá Fiquei feliz em ver que a conservam, mas ninguém sabe quem a doou

Nesta capela contavam que havia coroações no mês de maio e duas imagens, uma está comigo – Imaculada Conceição – e a outra, maior, vovó doou para o Asilo de Velhos da cidade e está lá ainda, pelo menos até há uns 3 anos, quando fui lá.

Outro fato de que me lembro da mamãe contar, é que a Júlia se engasgou com a argola da chupeta e quase morreu. Dizia que enfiou o dedo na garganta dela e conseguiu tirar.

Lembro-me de brincar debaixo da varanda, onde havia um espaço e a memória mais antiga que tenho é de ter feito um cemitério de formigas lá. Colocava as formigas em um vidro e enterrava em parte, deixando uma parte visível (que idéia!!)

Havia uma plantação de melancias que eram bem pequenas e algum gado.

Quando o Luiz Augusto nasceu, nós ainda morávamos no sítio. Fomos para a casa da Tia Lia, porque o papai estava viajando e a ela não poderia ficar sozinha naquela distância.

casa-tia-lia

A casa da Tia Lia ainda está lá, do mesmo jeito. Com a varanda, o jardim com uma fonte no meio. Não era amarela e não tinha as grades de ferro. Visita das 4 irmãs em 2014

Papai, tendo tentado vários negócios que não deram certo, já vendida a fazenda e levado Vovó Júlia, Tia Ena e as agregadas para Juiz de Fora, para a casa que comprara lá com a venda da fazenda, resolveu garimpar ouro! Foi para uma serra perto de Mariana, um lugar chamado Sumidouro, morando em um rancho, no meio do nada!

Quando o Luiz Augusto nasceu, Tio Normandino foi atrás dele e ele voltou com algumas gramas de ouro que não valiam nada!

Eu sei que ele, por um tempo, começou a comprar bezerros, engordá-los e depois vender, da mesma forma que o Tio Sales, marido da Tia Lia, que ficou rico!

Ouvi dizer que ele quis inovar, trazer gado zebu importado e o negócio não deu certo. Acho que foi na época em que morávamos no sítio, logo depois do casamento.

Fotos do sítio: O Salvador, meu primo, disse que o chamavam de Sítio do João Gregório. Hoje é um distrito industrial, cheio de fábricas de móveis. Não resta nada que possa lembrar este tempo.

eu-no-sitio

Eu no sítio

eu

santa

Vestida de Santa Terezinha

presente-da-julia

Presente da Júlia a todos os irmãos, a outra casa é o Caeté, que ainda existe em parte.

DEPOIMENTO DA GORETTI (LAURA MARIA GORETTI DA MOTTA)

Me lembro da mamãe contar que o papai sempre chegava atrasado nos encontros quando eram namorados. E ela então resolveu que deixaria ele esperando no dia do casamento. Demorou a se aprontar o mais que pode, mas quando chegou na igreja… o papai ainda não tinha chegado!
Contava que ele esqueceu de comprar sapato e foi pedir ao dono da loja (unica de São Geraldo) para vender o sapato para ele em especial porque era domingo e a loja estava fechada!

Também me lembro dela contar sobre as violetas que papai cita em uma das cartas que você publicou agora: eles estavam brigados e ela estava dentro do trem parado na estação (ou vice versa, não lembro) e papai chegou se desculpando, ela então deu as violetas para ele e fizeram as pazes. Ele guardou por muitos anos as florzinhas secas…

Tem também a história da outra briga, que as pazes foram feitas no salão de baile, com o papai que não sabia dançar, arrastando a mamãe pro salão quando tocou “upa, upa cavalinho alazão, ei, ei, ei, não faz assim comigo não…”. Mamãe protestou e ele disse: só sei dançar esta música, depois discutimos… E fizeram as pazes. Ainda bem né? Se não o que seria de nós? No limbo…

Papai era considerado em São Geraldo “um caso perdido” – solteirão que não se casaria nunca, pelo que mamãe dizia. Também contava que ficou muito brava com a vovó quando papai foi pedir a mão dela porque vovó disse: quer casar, case, mas preguiçosa está ai… O que nunca foi verdade!

Mamãe era muito discreta, pelo menos comigo nunca ela reclamava do papai. Mas pelas cartas dele dá para ver como deve ter sido difícil os primeiros anos de casamento! Que lutadora foi a nossa mãe! Venceu toda a condição familiar, estudou em condições super-precárias, sempre trabalhou fora, às vezes não recebendo por meses! Tinha a casa sempre organizada, dava conta da filharada, fazia doces divinos, e mais mil outras coisas, enfim, uma mulher moderna para seu tempo! Tinha um jeito todo dela de conviver com nossos amigos, casa sempre cheia apesar das dificuldades financeiras eventuais. Não gostava de coisas velhas, queria sempre as modernidades, (embora nem sempre pudesse tê-las): móveis de fórmica assim que foram lançados, por exemplo! Mantinha sempre uma “sala de ouro” (como chamávamos) onde o acesso era restrito, sempre arrumada para receber as visitas.

UM PRESENTE QUE O PAPAI ME DEU 1 ANO ANTES DE FALECER

foto mamãe e papai

DEDICATÓRIA

dedicatoria foto

Carta do neto Marcelo, meu filho, para o vovô Luiz (Lizote) 1978
Carta da neta Daniela (minha filha) para o vovô, 1978
Carta da neta Regina Célia,(minha filha) para o vovô 1978
Carta do neto Guilherme (meu filho) para o vovô 1978
Artigo publicado no Jornal de Osasco pelo Antonio Carlos, nosso irmão

25 – 10 – Luiz Roxo da Motta

Nasceu em São Geraldo em 8/05/1910 e faleceu em Juiz de Fora em 1/12/1991

Filho de Luiz Ferreira da Motta e Júlia Roxo da Motta

Infância em São Geraldo, na fazenda Caeté

lizote-e-maud

Luiz e Maud

no-caete

Luiz é o mais alto, Ena, Lia e Rachel (de costas) o outro menino é um amigo, o cão o Vesúvio.

no-caete

A turma no Caeté, Luiz (Lizote) o último assentado na cabeceira da cama.

as-amigas-cariocas

As amigas cariocas, Marilda e Marilia, no Caeté. Mamãe dizia que uma delas paquerava ele!

Lizote, como era conhecido em São Geraldo, estudou num colégio interno em Ubá, Colégio São José e depois Direito em Belo Horizonte por 1 ano. Ele dizia que foi para agradar ao pai, porque o que queria mesmo era estudar Agronomia. Combinou com o pai que faria 1 ano de Direito e, se não gostasse, viria para a Escola Agrícola de Viçosa, para cursar agronomia. E assim aconteceu.

bh

Em Belo Horizonte

vicosa

Em Viçosa, na Escola Agrícola, o terceiro da direita para a esquerda, na frente.

No entanto, no segundo ano do curso, seu pai faleceu e, como era o filho que estava mais no início do curso, precisou voltar para São Geraldo e administrar a fazenda e a família. Ele dizia que havia 16 mulheres no Caeté e só ele de homem! As mulheres eram a mãe, irmãs, tias, agregadas, afilhadas.

1938

Em 1938

amigo-de-mariana

Um amigo de Mariana, não sei o nome.

Foto da época em que ele esteve por lá procurando ouro! Já era casado, eu e Júlia já tínhamos nascido e mamãe estava grávida do Luis Augusto.

fogao-do-rancho

Fogão do rancho onde ele ficou na Serra do Sumidouro, Mariana

Não encontrou o ouro que esperava!!!!

A Conceição conta:

“Sobre a história do Lizote e seus estudos.

O papai cursou o primeiro ano de direito em 1929 em Belo Horizonte.

Quando fomos à Praça do Papa  ele lembrou que já havia energia elétrica na iluminação das ruas. Ele gostava de subir a Afonso Pena esquina com a Contorno para observar as  “bexiguinhas” acendendo à noite.

A tia Rachel relembra que o nosso pai voltou para São Geraldo depois da quebra da Bolsa, em 1929.

O tio Paulo permaneceu em Belo Horizonte terminando o curso de medicina. Ela me disse que várias vezes  que o tio Paulo teria lamentado porque o Lizote abandonou o direito.

– Ele poderia ser um juiz rico  etc.

-Paulo, Deus o abençoou com seus filhos, sua maior riqueza!

Para ela, toda família deveria ser sempre grata ao papai porque abriu mão dos estudos naquele momento.

Ele foi estudar em Viçosa em torno de 1932, data do livro A Semente. Sobre a forma como ele saiu de Viçosa eu não sei.

Acho que o nosso avô morreu em 1934. Pode ter sido a razão do abandono  dos estudos em Viçosa.”

Como a situação financeira era péssima, em virtude da quebra na venda de café, acabou por vender a fazenda e mudar-se com todas as mulheres, que lá viviam, para Juiz de Fora.

Mas antes que isso acontecesse, casou-se com a nossa mãe.

Moraram em um sítio que hoje não existe mais, ao lado da linha do trem em direção a Rio Branco. Lá nascemos eu e Júlia.

Papai era um sonhador, com idéias avançadas, muito além do seu tempo.

Algumas histórias que me lembro:

Era considerado um “sabe-tudo” em São Geraldo. Era procurado para resolver problemas, aconselhar, tirar dúvidas, um tempo onde não havia “Google” e nem mesmo uma biblioteca pública na cidade. Livros eram raros, jornais e revistas só em Rio Branco.

Uma vez a Dona Antonia, que era a diretora do Grupo Escolar, disse:

– Todo mundo acredita no que o Lizote diz e ninguém procura conferir pra ver se ele está certo mesmo…

E ele ria e gostava de contar este comentário dela.

Era também o orador oficial da cidade. Todos os eventos, inaugurações, estava lá discursando, com muito gosto, por sinal! Também escrevia os discursos de todos os outros oradores, que se acostumaram a pedir-lhe este favor.

Quando ainda era estudante na Escola de Agronomia em Viçosa, criou um projeto que propunha a participação de todos os que se formassem em uma universidade em uma prestação de serviços para a comunidade, de forma gratuita, por um certo tempo, como retribuição ao país por seus estudos em escola pública. Título do Projeto: “A semente”. Temos um exemplar do livrinho que ele imprimiu por conta própria.

Participava do Círculo Esotérico da Comunhão do Pensamento, que não existia em São Geraldo, só em Rio Branco onde ele frequentava as reuniões. Assinava a Revista do Pensamento e pautava suas idéias pelos ensinamentos do Círculo.

Dizia:

Tudo neste mundo é energia, então nossas palavras são energia também e atraem as energias iguais para nosso ambiente. Cuidado com as palavras, elas têm força. Fale positivo e você criará uma aura positiva em seu redor, atraindo os pensamentos e palavras como se fosse um rádio.

Seu lema para nós era: Não reclame, não critique, não condene!

E muitas vezes, durante as refeições que fazíamos juntos, se alguém reclamasse ou criticasse, era corrigido na hora.

Oração da família que era rezada antes das refeições:

“Abençoai Senhor a nós e a estes alimentos que por vossa liberalidade iremos receber. Nós os agradecemos por Nosso Senhor Jesus Cristo, Amém. Vos agradecemos mais, Senhor, para que esta fartura se estenda por todos os lares, por todas as famílias, por todas as pessoas e, que, pela ação perfeita de sua Graça infinita com a comida venha também a tranquilidade e a paz.”

Acreditava que estávamos caminhando para a Era de Aquário e que, nesta era que já estamos vivendo, a humanidade seria mais fraterna e justa. Não haveria mais as fronteiras entre países, todos irmanados em uma só e grande família: Habitantes da Terra. Tanto acreditava que começou a estudar esperanto, que seria a língua comum de todos os povos.

Numa época em que ninguém falava em ecologia e meio ambiente, já se preocupava com isso. Convenceu um dos prefeitos da cidade a criar um Horto Florestal para distribuir mudas para os fazendeiros que quisessem reflorestar suas terras. Trabalhou neste projeto, ensinando e fazendo mudas. Mas, como sempre acontece aqui no Brasil, mudou o prefeito e o Horto acabou!

Outra lembrança que tenho é que ele dava esmola a todo mundo e dizia: Prefiro dar a quem não precisa do que deixar de dar a quem realmente precisa.

Acreditava em reencarnação e na doutrina espírita, mas creio que não frequentava Centros Espíritas, pelo menos regularmente.

Temos um manuscrito dele que dizia ser psicografado por ele com uma mensagem de seu Pai, já falecido, respondendo a uma pergunta que lhe havia feito. É muito impressionante!

Nessa época ele trabalhava com um Dr. Dirceu em uma plantação de eucalipto em Nova Lima, perto de Belo Horizonte e estava entusiasmado com a idéia de reflorestar com esta árvore. Ainda não se sabia do estrago que ela faz nos terrenos.

Anos depois, já casado, conseguiu que o prefeito de São Geraldo criasse um Horto Florestal para distribuição das mudas de eucalipto para quem quisesse. Levou o Tio Normandino para trabalhar lá, mas ele não ficou.

Uma lembrança muito marcante que eu tenho dele é a de sua preocupação com o bem comum. Estava sempre tentando melhorar o mundo!

Temos vários escritos dele, de projetos para a Prefeitura de Juiz de Fora, de mensagens para o Presidente da República, indignado, quando acabaram com as estradas de ferro.

Lembro-me de um dia em que o encontrei em um bar, ao lado da Igreja, sentado sozinho com um copo de cerveja em sua frente e outro copo em frente a uma cadeira vazia. Cheguei lá e quando ia me assentar na cadeira vazia ele me disse: Não senta ai não, filha, estou aqui conversando com o meu amigo João ( ou Joaquim) Torrent e ele está tomando esta cerveja. O tal amigo já havia morrido há muito tempo!

Quando se casaram, a fazenda do meu avô já havia sido vendida e a situação financeira não era boa. Sei que ele foi tropeiro e começou a comprar bezerros para engordar e depois vender, junto com o Tio Sales, marido de sua irmã Lia, que nesta época moravam em São Geraldo.

Parece que ele quis criar gado zebu, que não era comum na época e que o negócio não deu certo. Tio Sales ficou rico e ele não.

Sei de ouvir contar, mais ou menos, porque criança, naquela época não participava de conversa de adultos (como acontece hoje) nem podia ficar perto quando conversavam.

Eu me lembro de vê-lo chegar de viagens à cavalo, com uma capa de lã cinza, enorme e que ele a colocava no chão da sala, estendida, para brincarmos.

Depois, durante um certo tempo, foi para a região de Outro Preto, Serra de Sumidouro, procurar ouro. Tenho uma foto do rancho de sapé onde viveu. Quando o Luis Augusto nasceu ele estava lá e o Tio Normandino, irmão da mamãe, foi buscá-lo.

Durante o certo tempo, me lembro que trabalhou vendendo lotes do Bairro Bandeirantes em Juiz de Fora que estava sendo criado.

Ganhar dinheiro e negociar não era mesmo seu dom! Mamãe com seu trabalho de professora é quem aguentava o rojão!

Seu grande sonho era ter de novo uma fazenda, sonho que nunca pode realizar.

Quando foi nomeado Coletor Federal em São Geraldo, por pedido da Tia Rachel, sua irmã mais nova que era freira em Viçosa, professora da filha de um político de Rio Branco a quem ela pediu por ele, não queria tomar posse e não tomou mesmo na data marcada. Depois, não sei como, conseguiram que marcassem nova data e ele, enfim, muito a contragosto, se tornou funcionário público.

Exerceu a função com o maior empenho, apesar de não gostar do que fazia.

Como Coletor, tinha o direito de receber salário família relativo aos filhos menores, pois ele nunca solicitou este benefício. Dizia que não achava certo o governo pagar para as pessoas terem filhos.

Mais tarde, quando os irmãos entraram na fase de vestibular e a mamãe resolveu se demitir da Escola Ferroviária de Ponte Nova, onde lecionava, depois de se aposentar do Grupo Escolar, ele conseguiu ser transferido para Juiz de Fora. Fez então um concurso para Fiscal da Receita Federal e trabalhou nesta função até se aposentar.

Quando já estava doente, no final de sua vida, ele me disse que tinha uma poupança no Bradesco de São Geraldo que era para fazer o reflorestamento da serra de São Geraldo e criar uma escola básica de agricultura lá para que os jovens não fossem embora por falta de emprego e abandonassem a terra. E realmente havia esta poupança, pequena, mas havia!

Lembro-me da época anterior ao emprego de Coletor, quando nossa vida era bem mais difícil, quando chegava o Natal ele nos comprava brinquedos e a mamãe reclamava:

“Eles precisam de sapatos e você compra brinquedos?”

Quando chegava de viagem trazia balas. Se vinha de Juiz de Fora, eram umas raspas de balas coloridas que eram vendidas em uma loja de lá que se chamava A Suiça, que eu adorava. E também manteiga em latas e açúcar em cubinhos que nunca mais eu vi.

A única vez em que me castigou, eu devia ter uns 5 ou 6 anos. Tínhamos uma babá chamada Bastianinha e ela deve ter me feito alguma coisa, que não me lembro, e dei-lhe um tapa. Ele viu e me deu uma palmada, que jamais esqueci.

Outra lembrança: Ele dizia que cada um de nós tem um Mestre, designado por Deus para nos esclarecer e ajudar, nem sempre na família. E que, quando encontramos este Mestre saberemos imediatamente quem ele é. E que, um dia, estava em Belo Horizonte, em uma avenida, e um jovem se aproximou dele e no mesmo instante soube que era seu Mestre. O nome era José Raposo.

Não me lembro de ter conhecido esta pessoa.

raposo

José Raposo

raposo

O amigo Raposo

Músicas que ele cantava para nos embalar:(E todos nós cantamos para nossos filhos e netos)

Lembrança da Goretti

Ai vai a letra que lembro ter aprendido com o papai (VÔ Lizote):

” Eu levanto cedo,

bem de madrugada,

pra amolar a faca,

pra matar capado,

pra fazer chouriço,

pra fazer guizado,

pra levar na roça,

pros meus camaradas,

pra criar talento,

pra puxar a enxada,

pra ganhar dinheiro,

pra no dia santo…

Ver a namorada!”

HOMENAGEM AO CENTENÁRIO DO MEU QUERIDO TIO LIZOTE

Salvador Henrique Pinhati

Certa vez, no intervalo de uma reunião, em que eu  representava  um departamento  do governo, em Brasília,  e numa conversa amistosa ,entre eu e um dos participantes da reunião, falávamos da Zona da Mata de Minas. Eu me apresentei como nascido em São Geraldo e, por coincidência , a pessoa com quem eu falava era daquela mesma região, nascido e criado  na zona rural das  imediações de Cajuri e Coimbra.

Cada um de nós relembrava fatos distantes muitos anos, daquele momento: a nossa vida de criança. E, entre as reminiscências do tempo do grupo escolar, dos banhos de rio, do apito musical e prolongado do trem de ferro, subindo a serra entre São Geraldo e Coimbra, o meu companheiro começou a contar suas lembranças de um boiadeiro que vinha de São Geraldo, pelo menos uma vez por ano, e passava na fazenda de seu pai, comprando gado.

Segundo suas lembranças esse boiadeiro era um homem alinhado, porque vestia sempre um terno cinza, com camisa branca; usava chapéu de aba larga, feito em couro de lebre, como era comum na época e calçava botas marrons de corvim, bem engraxadas.

E ele continuava detalhando as lembranças desse lendário personagem que tanto marcou a sua infância:

Aparentava ter entre trinta e quarenta anos, de boa aparência e trato fino, comedido nas palavras, e, pelos repetidos anos em que ele era recebido em sua casa, já até parecia uma pessoa da família, que seu pai e sua mãe, tinham sempre um prazer grande em dar-lhe acolhida.

Eu ficava embevecido- dizia ele- escutando a conversa deles, no entardecer, depois de um dia longo de trabalho em que os dois chegavam com pequenos lotes de bois  que tinham sido comprados dos fazendeiros vizinhos naquele dia. Eles Jantavam , tomavam o cafezinho e, em seguida, o cigarrinho, que ambos deliciavam,  enquanto comentavam os negócios realizados.

Eram incontáveis os dias que ele ficava em nossa casa, saindo diariamente cedo e voltando a tarde com  bois . Algumas vezes os fazendeiros mais distantes se incumbiam de trazer -eles mesmos-  seus bois para negociarem com o comprador.

Sua montaria era um burro de porte bem alto , novo ,  da melhor linhagem pêga, como se podia ver nitidamente através da mancha preta que o muar trazia sobre a parte anterior esquerda  do pescoço largo e de comprimento padrão.

O arreio parecia muito confortável e seguro contra imprevistos, tendo em vista ser um animal jovem e saudável. Tinha rabicho e peitoral de couro forte costurado e incrustados de metais reluzentes, que lhe davam maior imponência na andadura. Uma capa gaúcha enrolada e presa na parte traseira da cela,  cantil e embornal de couro, faziam parte da indumentária. O assento era forrado de chenil de couro de carneiro, que dava maior conforto em viagens de longas distâncias.

As fazendas sempre tinham acomodação para os visitantes.  Principalmente  quando eram homens de negócio.

O fazendeiro oferecia toda a estrutura necessária, de pasto, curral e cocheira, para que ele pudesse comprar os bois das fazendas próximas  daquela localidade e  juntando-os num mesmo local.

Ele sempre trazia consigo o dinheiro suficiente para comprar e pagar a vista os bois que os fazendeiros  da região ofereciam à venda. Mas havia também uma confiança recíproca entre o boiadeiro e  fazendeiros, quando havia uma oferta maior de bois.  Pois sempre era oferecido um ou mais  ajudantes  da região, que ia até São Geraldo, numa viagem que levava vários dias , auxiliando na condução, até o destino, do plantel adquirido. E estes tinham também a missão de receber o restante do pagamento, se fosse o caso.

Eu escutava, contrito, a narrativa de uma recordação da infância de alguém que eu havia conhecido há apenas algumas horas.  No entanto, pelo desenrolar da história, o seu personagem principal me parecia muito familiar. E, antes que soasse o sinal para reinício da reunião e, mesmo quase certo da resposta, perguntei-lhe se lembrava do nome do boiadeiro. Ele respondeu de pronto: “Seu Lizote.”

Fui tomado de uma grande emoção. Ele é meu tio!  E neste momento ele está em Brasília, na casa de um filho que é médico. Meu amigo parece que se emocionou  tanto quanto eu. E me pediu que convidasse o tio Lizote para ir a casa dele, pois  queria oferecer-lhe um almoço e reviver um pouquinho as suas recordações .

Fui dar a notícia ao tio Lizote e levar o convite  do seu grande e talvez o mais antigo admirador.

Ele ficou muito feliz .Lembrou, com saudades, do fazendeiro amigo que sempre o acolhera com carinho e humildade em sua casa da fazenda localizada entre Cajuri e Coimbra, mas respondeu-me sabiamente:  meu jovem dê uma desculpa qualquer ao seu amigo. Pois eu acho que não devo ir a esse encontro. A beleza de toda esta história é exatamente a lenda  formada na cabeça daquela criança, a qual, hoje, é um homem maduro.  Se houver esse encontro a lenda vai ser quebrada, você não acha?   Eu não sei o que eu respondi ao meu tio, mas concordei com ele.

Brasília 15 de maio de 2010

CARTA PSICOGRAFADA PELO PAPAI – DIZIA QUE ERA DO PAI DELE JÁ FALECIDO

psicografado

psicografado-1

psicografado-2

psicografado-3

Esta carta foi a Tia Ena que me deu.

Na época, ele estava trabalhando em um projeto de reflorestamento com eucalipto, em Nova Lima, com o Dr. Dirceu. Estava muito insatisfeito e resolveu pedir conselho ao pai. Ele escreve a pergunta e a resposta que sentiu que vinha do seu pai.

TRANSCRIÇÃO:

Será que chegou o momento de deixar a profissão de lavrador?

Ainda não chegou, filho, mas chegará em breve o dia  em que profissão não terá significação para você.

Já sei tua pergunta que devo fazer?

Nada é a resposta logica e sabes bem porque. Deixa que a serenidade da fé produza a serenidade da vida.

Avaliaste bem, foi aquela tala que não precisavas que causou o transtorno de teu serviço. Sabes o que ela significava de enthusiasmo inútil.

Inutil, sim, insisto no qualificativo. Trabalhavas para quem visa apenas o lucro pecuniário. Devias te harmonizar com o ambiente, sem te amoldares a elle. Bem, isto é lógico, sabes perfeitamente que nada existe inteiramente condenável no mundo. Mesmo os que trabalham pensando apenas no interesse mundano são uteis ao mundo e portanto dignos de respeito e consideração.

Podes dizer ao dr. Dirceu que não houve nenhuma “moamba” no caso. Apenas sofrete o choque das forças antagônicas: o teu ideal colectivo e o ideal individualista que lá predomina. Não é bem esta a definição, mas serve para a comprehensão de vocês. Tu te deixaste dominar pela crença que bastava desejares o bem, para que todos assim o desejarem. E em tua desilusão foste demasiado violento, pela acção dos preconceitos que em ti agia. Sebes bem quais são. Tivesses sido mais prudente e mais bem terias causado.

Lembra-te sempre que vives no mundo e não no ceu nem no inferno. É preciso que tua acção seja inspirada pelo bem, sem dúvida. Mas nunca ajas, nem reajas violentamente. A mesma liberdade que tens  todos a têm. Se Deus não te coage como podes querer coagir a outros? Ainda que tua intenção seja a melhor possível.

Agradece ao Dr. Dirceu por mim, o que elle tem feito por você. E diga-lhe que não creia muito em “moambas”. Estes elementos simples e humildes criadores e desfazedores de “Moambas” têm aqui no espaço como na Terra, apenas o valor que lhes damos. Agem como balões cativos: se lhes damos muita corda sobem alto e parecem lindos e fortes. Se os puxamos, porem, e apertamos reduzem-se a seu real tamanho: saco vasio que se dobre e se guarda a vontade.

Sim, filho, vai agora. Deus te abençoe e ao dr. Dirceu como nós te abençoamos.

(Não tenho a data)

A SEMENTE

Este pequeno livro o papai escreveu quando tinha 22 anos. Publicou-o as suas próprias custas. É um projeto que visa a educação e a cultura do povo . Como ele pensava de forma muito avançada para a época, (até hoje seria avançado), não obteve nenhum resultado de suas belas idéias.

Será que hoje seria levado a sério? Não creio, pelo que estamos vendo no país…

Objetivo do projeto:

Criar e desenvolver no povo brasileiro a consciência cívica republicana: tornando-o um povo independente  que compreenda, ame e defenda o regime democrático nacional.

Para atingir seu objetivo o O CLUBE usará os seguintes meios:

A instrução do povo, por meio de fundações de ensino e propaganda: Escolas primárias móveis; Bibliotecas públicas; Imprensa; propaganda cívica por meio de conferências e palestras de homens notáveis pelo saber e caráter. Campanhas eleitorais por candidatos seus, educação comercial do povo e consequente fundação de sindicatos profissionais e cooperativas, em todas as suas modalidades, conforme o meio.

Na apresentação do livro ele diz: “Tentei iniciar este movimento da E.S.A.V. de Viçosa porque, ex aluno dela, ser-me-ia grato vê-la, por seus alunos, renovar a mentalidade cívica brasileira, como está renovando, por seus professores, a sua mentalidade agrícola.

Mas, infelizmente, o seu diretor julgou a minha idea, já esposada por alguns colegas, prejudicial aos interesses da escola e dos alunos.

Embora não lhe compreendendo as razões, lamentei-lhe o gesto, respeitando-o como respeito a sua autoridade dentro da escola.

Enviando-vos o projeto que apresentei a meus colegas, submeto-o ao vosso estudo, fazendo votos para que, mesmo recusadas, sirvam minhas ideas ao menos para provocar a vossa meditação e o vosso estudo, que venham a se traduzir n’uma luta tenaz em prol da melhoria de nossa Pátria, pelo melhoramento de nosso povo.

semente-capa

semente-capa-1

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

UMA ORAÇÃO – CARTA PARA EU MESMO

carta-eu-mesmo

carta-eu-mesmo1

TRANSCRIÇÃO DA CARTA PARA EU MESMO

Raul Soares, 18 de setembro de 1980

Meu caro Eu Mesmo.

Vamos agradar a Deus Pai de Bondade e Ternura e Infinita Misericórida por este dia maravilhoso no qual, pela primeira vez conseguimos sentir um vislumbre da Luz da consciência da Unidade.

Agora sabemos o sentido profundo, essencial, que tentamos expressar e que não encontramos palavra bastante expressiva para o fazer.

Cabe-nos agora não colocar “ a Luz sob o alqueire”. Mas  sim procurar coloca-la de modo que ilumine as consciências que possam receber sua compreensão.

Sabemos como o fazer e o faremos agora e sempre.

Como primeiro trabalho externo vamos começar a organizar a palestra para a qual fomos convidados sobre “Crescimento Interior” e “Não Violência”.

19 de setembro de 1980

Mil e mil vezes agradecido, Senhor, Pai de Bondade e Ternura e Infinita Misericordia, Vos sabeis exatamente a razão pela qual Vos agradeço. Embora não me seja possível expressá-la em palavras compreensíveis ou claramente expressivas para mim mesmo, e muito menos para outrem.

Agora há pouco fui a um barzinho meio “fuleiro” e bebi uma garrafa de cerveja porque senti que me seria útil e benéfico bebe-la e o fazer exatamente nesse barzinho que, embora no centro de Raul Soares, me parece frequentado por minhas irmãs prostitutas.

Fiquei lá exatamente uma hora, das 22 as 23 horas.

E dei um balanço (será este o termo exato?) rememorei minha vida desde os 18 anos. Um mais exatamente desde meu ultimo encontro com a Filhinha, minha prima, com quem mantinha um romance. Seria de adolescente? Seria uma ilusão?

Na despedida poderia te-la beijado. Não o fiz.

Teria sido um erro? Ou foi uma ação certa?

Rememorei outras renuncias minhas, assim como rememorei muitos atos que, na época me pareciam certos e hoje me parecem errados.

Teriam sido errados?

Quando sai pensei em escrever à Odila Fonseca em São Geraldo descrevendo tudo isto, na suposição de confortá-la.

Não o vou fazer pois compreendi que na realidade não estava querendo conforta-la, mas sim a mim mesmo.

Mas agora sei que foi o ultimo esforço do “Touro Vermelho”  para sobreviver.

Agora sei que posso fazer a palestra sobre o “Crescimento Interior” e a “Não Violência” com pleno proveito para todos que a ouvirem e puderem entende-la. E todos que irão ouvi-la a entenderão.

DOCUMENTOS

doc-militar

titulo-de-eleitor

circulo-esoterico

Ele pertencia ao Círculo Esotérico da Comunhão do Pensamento. Durante um certo tempo, me filiei também e ia com ele para as sessões. Depois que ele faleceu eu me afastei.

rosacruz

Maçonaria

Junto com seus documentos, na carteira, ele carregava um papelzinho com estas orações:

oracao

oracao-1

PALESTRA NA MAÇONARIA

maconaria

Vale à pena a leitura desta palestra!

A CAMPANHA PARA QUE SÃO GERALDO TIVESSE AGÊNCIA BANCÁRIA

Quando eu era criança, lembro-me de que havia um Posto da Caixa Econômica Estadual em São Geraldo, funcionava em uma lojinha no Hotel Georgina. Depois teve uma agência do Banco Mineiro, o gerente era o Sr. Camões, marido de Dona Antônia, Diretora do Grupo Escolar Álvaro Giesta (único na cidade). Funcionava no térreo da casa do Sr. Camões.

Depois o Banco foi extinto e ficamos sem qualquer agência bancária.

Papai se empenhou de todas as formas para conseguir um Banco para São Geraldo. Publicou no Jornal de Rio Branco, em 28/11/71:

camapanha-pelo-banco

Um Banco Fora do Jardim

Sabemos que a base do desenvolvimento é a integração do homem, iniciada pela alfabetização. Escolas primárias rurais, Grupos Escolares Urbanos, MOBRAL são atividades sem as quais qualquer desenvolvimento é ilusório, porque abrange, apenas, parte da população.

Sabemos, também, que o progresso de nosso São Geraldo precisa de outras organizações que possibilitam o crescimento harmonioso do trabalho em todos os setores – agricultura, indústria, comércio, etc.

Atualmente o que mais falta nos faz é uma organização bancária em nosso município.

De cidade a cidade, a distância entre São Geraldo e Rio Branco é bem pequena. Para os que possuem automóvel e quando não chove, bem se entenda. Mas, para os que dependem de condução coletiva, os que residem em Monte Celeste, os que residem em zonas  rurais, esta distância já não é pequena. Porque geralmente representa, em termos de tempo, um dia de trabalho gasto no simples ato de pagar ou receber dinheiros.

Ato este, que custará apenas alguns minutos na Agência Bancária em São Geraldo.E, o até intuitivo, que o maior capital, o maior valor de uma terra, município ou país, é o tempo, é a energia dos que trabalham.

Então convém trabalharmos para se tornar realidade a nossa AGENCIA BANCÁRIA, seja qual for o Banco ou Caixa Econômica que a instale, eis que todos são igualmente merecedores da nossa confiança.

O primeiro passo para isto é examinarmos o assunto seriamente.

Nada de bairrismos que a nada conduzem. Nada de gastarmos energia em críticas e lamúrias que nos exaurem e nada produzem.

Temos condições para tornarmos financeiramente interessante a manutenção de uma agência Bancária em São Geraldo?

Parece que não há a menor dúvida, S.M.J. como deve acrescentar um bom Barnabé. Normalmente, há anos atrás, o Banco Mineiro e a Caixa Econômica Estadual aqui existentes, movimentavam mais de meio milhão de cruzeiros. Considerando a depreciação da moeda e outros fatores, não parece exagero pensar que agora, este movimento irá a mais de um milhão em qualquer Agência Bancária que funcionar em São Geraldo.

Segundo fomos informados, o Governo Estadual também passará a receber seus tributos por intermédio dos bancos. Os impostos federais de todos os contribuintes já são pagos em Bancos, portanto seriam recolhidos aqui. A Prefeitura de São Geraldo poderá também fazê-lo, com a vantagem que os dinheiros do município ficarão aqui mesmo, porque os pagamentos poderiam ser feitos por cheque. A Previdência Social já está se estendendo à zona rural. E o seu volume financeiro, em breve, será vultoso.

E, o desenvolvimento econômico do município, sozinho, garante apreciável volume financeiro.

Façamos esta exposição aos Bancos e Caixas, não só aos que mantêm Agências em Rio Branco, mas também a outros inclusive ao Banco do Brasil.

Luiz Roxo da Motta

Quando da Agência do Bradesco foi, finalmente, inaugurada em São Geraldo, o prefeito enviou esta carta a ele. Junto o recibo de um depósito, feito a seu pedido, em conta criada por ele, Luiz Roxo da Motta. Ele continuou depositando nesta conta, mesmo morando em Juiz de Fora. Antes de falecer ele me falou sobre essa conta e disse que a mantinha para realizar seu sonho que era reflorestar a serra de São Geraldo!

carta prefeito banco.jpg

ARTIGOS PARA O JORNAL DE RIO BRANCO

Não tenho as cópias dos jornais.

para-jornal-rb

para-jornal-rb-2

para-jornal-rb-1

jornal-rio-branco

REGISTRO SOCIAL NO JORNAL DE RIO BRANCO

TRANSCRIÇÃO:

A data de 8 do corrente registrou a passagem do aniversário natalício e de casamento do Sr. Luiz Rôxo da Mota, figura proeminente  da sociedade Sãogeraldense, tendo sido, ao ensejo desta grata efeméride, muito cumprimentado pelos seus inúmeros amigos. Com uma grandiosa folha de serviços prestados a São Geraldo, sua querida terra natal, sempre incansável no atendimento a todos que o procuram, o distinto aniversariante é, sem exagero, uma das figuras mais prestativas da nossa comunidade. Sente-se bem em ser útil aos outros pois são suas estas palavras “Se Deus me deu o dom de saber alguma coisa, cabe a mim servir aos outros e não viver egoisticamente.”Já foi vereador à Câmara Municipal do nosso município, ocupando o cargo de secretário, dando ao seu mandato brilhantismo invulgar. Foi também secretário de nossa Prefeitura na gestão do ex-prefeito José Francisco Teixeira e por vários anos membro do diretório local do ex PSD.Criada a Coletoria Federal de São Geraldo, foi nomeado escrivão e encarregado de dirigi-la. Posteriormente, chamado a concurso para sua efetivação, logrou obter como esperávamos, ótima classificação. Tendo o Ministério da Fazenda deliberado fechar as pequenas Coletorias do Estado, foi a nossa Coletoria anexada à de Visconde do Rio Branco, onde, atualmente se acha o nosso ilustre conterrâneo prestando seus serviços.

A “Página de São Geraldo” que bondosamente vem sendo publicada no “Visconde do Rio Branco” é de iniciativa sua que deseja divulgar nossas cousas, para que não fiquemos escondidos e dar expansão à sua acentuada vocação jornalística.

A atual Administração local vem contando com a sua valiosa assistência como Assessor do Sr. Prefeito na elaboração de projetos de leis, vários assuntos de ordem administrativa etc.

Ao registrar o transcurso do aniversário natalício e de casamento do Sr. Luiz roxo da Motta, na nossa intimidade LIZOTE desejamos levar-lhe e à sua exma. esposa D. Laura Casulari da Mota e a todos de sua Exma. família as nossas mais sinceras congratulações.

Comentários:

Falar sobre o meu pai me traz um misto de emoções: Saudades, lembranças e, principalmente, uma grande admiração por sua sabedoria e PREOCUPAÇÃO COM O BEM COMUM. Quem o conheceu sabe disso… Jamais conheci alguém que se preocupasse com o país, com as pessoas, com o bem da comunidade! Acredito que ele era um espírito muito evoluído!

Já no final de sua vida, morando em Juiz de Fora, não deixava de se interessar pelos problemas da cidade, do país. Eu me lembro de quando o Governo Federal começou a favorecer a criação de estradas de rodagem para incentivar a indústria automobilística e, em consequência, acabar com o transporte ferroviário. Papai escreveu para o presidente, na época Juscelino Kubitschek, insistindo sobre o valor do transporte ferroviário. Infelizmente esta carta eu não tenho. Mas me recordo de sua tristeza, de seus comentários!

Dizíamos que, quando algo assim o preocupava, ele suspirava o dia todo. Comentávamos que ele estava “sentado numa coroa de espinhos”! Mas, sempre, tentava opinar, escrever para os dirigentes, fazer a sua parte.E aprendemos com ele a nos sentirmos parte de uma comunidade, apesar de não termos a sua coragem de reclamar com quem pode fazer, não nos sentimos alheios ao que acontece em nosso país.

ALGUMAS CARTAS E PROJETOS ESCRITOS A PREFEITOS DE JUIZ DE FORA

A família, depois de São Geraldo, morou em Ponte Nova por um breve período e depois em Juiz de Fora. Lá ele trabalhou na Receita Federal e se aposentou.

Em 1980 havia em Juiz de Fora, bem no centro, um terreno onde passava a Estrada de Ferro Leopoldina e havia um boato que seria vendido para se construir um Shopping. Então ele escreve ao prefeito Antonio de Mello Reis dando uma sugestão de aproveitamento do terreno para o bem comum.

Faz um projeto, junto com uma engenheira e envia ao Prefeito. Nunca sou se ele respondeu!

carta-mello-reis

Projeto enviado ao Prefeito Mello Reis

projeto-1980

projeto-1980-1

 Tenho uma cópia mais detalhada do projeto. Que nunca foi feito!

Anos depois, sendo já Prefeito o Sr. Tarcísio Delgado, ele levou o projeto para ser apresentado em Audiência Pública, tendo sido agendado com o prefeito. Estas audiências aconteciam, na época, no salão da Câmara dos Vereadores. Fui lá com ele e, quando ele começou a falar, cortaram o som do auto-falante. Papai quase desfaleceu. Liguei para o irmão José Reinaldo que veio nos encontrar e levou-o para casa. Jamais me esqueci disso!

Mas ele não desanimou!!

Logo depois o Prefeito Tarcísio Delgado visitou o Bairro Monte Castelo e ele lhe entregou uma carta pedindo de novo a consideração do projeto. Devo confessar que, ás vezes, ele me parecia um Don Quixote lutando contra os moinhos de vento.

carta-tarcisio

Sugestão de aproveitamento de um prédio com a construção paralisada no centro de Juiz de Fora

tarcisio-monte-castelo

CARTA PARA O DIÁRIO DA TARDE DE JUIZ DE FORA;

VOLTA A IDÉIA DA SEMENTE DE QUANDO ELE TINHA 22 ANOS

a-ideia-da-semente

PARA O DIÁRIO MERCANTIL – SUGESTÃO DE ESTRADA

diario-mercantil

CARTA PARA A TRIBUNA DE MINAS SOBRE A DEMOLIÇÃO DO PALÁCIO DO BISPO

Era uma linda construção, com um magnífico jardim, na Avenida Rio Branco, no centro de Juiz de Fora. Na época, a demolição do palacete causou muita controvérsia!

palacio-do-bispo

Acho esta carta tão comovente, mostrando bem o seu espírito altruísta, que vou transcrevê-la para facilitar a leitura de quem se dispõe a conhecer mais o Vô Lizote (como disse a neta Ana Raquel em seu comentário aqui!).

QUEM VOCÊ CONHECE, OU QUEM DE NÓS, FARIA ESTA PROPOSTA?

Meu objetivo com estas histórias é exatamente este: que as novas gerações conheçam a história da família, aprendam com os bons exemplos e com os maus também(para não cometê-los) Creio que a civilização se deu através do que aprendemos com os erros e acertos de nossos antepassados!

SENHOR REDATOR DA TRIBUNA DE MINAS

Tenho acompanhado por notas publicadas nesse JORNAL, as divergências quanto à demolição do prédio chamado “PALÁCIO DO BISPO”. E já li um folheto de responsabilidade, segundo parece, do Sr. Bispo, expondo as razões que o levam a promover tal demolição e consequente venda do terreno. São razões ponderáveis sem dúvida alguma.

Aliás, são tais razões que me animam a lhe pedir a publicação desta, na qual proponho uma solução que poderá resolver a discórdia, com agrado para ambas as partes. Pois poderá preservar o prédio e transformar o terreno que o rodeia em uma bela praça, assim como dará ao Sr. Bispo o numerário que necessita para suas obras sociais e de caridade.

Segundo parece, a solução justa e razoável será nós nos quotizarmos até reunir a quantia necessária e bastante para prover a Prefeitura da verba suficiente para desapropriar o imóvel – prédio e terreno – recuperar o prédio usando-o para nele instalar definitivamente a BIBLIOTECA MUNICIPAL, ou para outro fim que julgar conveniente.

E, aproveitando as árvores já existentes, transformar o terreno em uma bela praça pública.

Quando digo “NÓS NOS QUOTIZARMOS”, englobo todos aqueles que amam JUIZ DE FORA, quer tenham ou não ,nascido aqui, quer residam ou não, aqui.

Devo dizer que me incluo entre os que amam JUIZ DE FORA, tanto que, embora seja um desconhecido funcionário público aposentado, sem condições sociais ou financeiras para iniciar qualquer movimento coletivo, desde já afirmo que contribuirei com um milhão de cruzeiros para um movimento no sentido de permitir a desapropriação deste imóvel, evitando a demolição do prédio e transformando o terreno em uma praça.

Como também incluo o Sr. Bispo, que poderá subscrever a quantia que lhe for possível, ou, que será melhor, concordando com a desapropriação por um valor bem menor que o tratado com empresa imobiliária, tendo em vista a finalidade da mesma.

Todavia, conforme li na TRIBUNA DE MINAS, de hoje, parece, embora a nota não seja clara neste sentido, parece que a COMISSÃO PRÓ TOMBAMENTO do prédio já está iniciando movimento neste sentido.

Se está, parabéns e conte com meu apoio. Se não está, que o promova o quanto antes, evitando o irremediável. Bem sei que a doação que me é possível fazer é muito pequena. Mas tenho certeza e creio não estar enganado, que tal movimento terá apoios muito maiores quer de pessoas com mais posses, quer de organizações comoLIONS, ROTARY, SINDICATOS, ASSOCIAÇÕES DE COMÉRCIO OU DA INDÚSTRIA, LOJAS MAÇÕNICAS e outras mais que seria longo enumerar.

TRABALHO PELA COMUNIDADE – POMAR NA CRECHE DO BAIRRO MONTE CASTELO – JF

Já com 80 anos, morando no Bairro Monte Castelo em Juiz de Fora, ele decidiu criar uma horta e um pomar na Creche Municipal do Bairro, que tinha um terreno apropriado e completamente abandonado.

Contratou ajudantes e se pôs a plantar que era o que ele mais amava fazer, depois de ler, é claro!

Uma vez sofreu um acidente lá, um pedaço de muro caiu sobre sua mão, produzindo fraturas que resultaram em uma imobilidade permanente desta mão. Mas não desistiu! Só quando adoeceu seriamente e precisou mudar-se d0 bairro, já no seu final de vida, abandonou o pomar da creche.

Quando ele e mamãe chegavam lá as crianças faziam uma festa! Em outro ponto desta história, retornarei com mais fotos.

O hábito que ele implantou lá em casa era recolhermos todas as sementes das frutas que comíamos. Ele fazia as mudas e saia distribuindo para quem quisesse, já que não tínhamos espaço para plantar.

creche 2.jpg

creche

creche-1

Os ajudantes

papai-creche

CARTAS PARA A FAMÍLIA

A preocupação com o coletivo, não o eximia de se preocupar com toda a família. Algumas cartas que tenho. (Ele sempre escrevia com cópia a carborno).

meu-casamento

Quando me casei, na saída para a viagem, ele me deu este papel com uma quantia de presente. 8 de maio de 1964

para-mim-loteria

para-mim-loteria-1

Este bilhete veio acompanhado com um bilhete de loteria. Ele gostava de presentear assim.Infelizmente nunca ganhamos!!

Carta para seu sobrinho, filho da Tia Deolinda, irmã da mamãe, hoje já falecido.

carta-para-lauro

Carta para a Maria das Graças, que viveu em companhia  da Tia Mariquinha por vários anos (irmã da mamãe), que já havia falecido, na época. Ela havia manifestado o desejo de que sua casa ficasse para sua irmã Alzira e o papai tenta ajudar a Maria das Graças e comprar a casa.

gracinha

carta-gracinha-1

gracinha-2

CARTAS PARA  LUIS CARLOS, FILHO DE SUA IRMÃ LIA

luis-carlos

luis-carlos-1

carta-2-luis-carlos

carta-2-luis-carlos-2

carta-2-luis-carlos-3

carta-3-luis-carlos-3

PARA  AMIGA DO CÍRCULO ESOTÉRICO

para-matilde

para-matilde-1

CARTAS RECEBIDAS DE AMIGOS

AMIGAS DO CÍRCULO ESOTÉRICO

martha-circulo

2-martha-circulo

3-martha-circulo

4-martha-circulo

lucia-circulo

CARTA DE EX ALUNO

joao

joao-final

João 1.jpg

sessote

sessote-1

CARTÃO DA NETA FLÁVIA

cartao-flavia

jp-1

jp-2

CARTAS PARA A MAMÃE

Agora a parte mais romântica da história! Será que qualquer uma de nós já recebeu cartas tão bonitas assim??

cartao

Este cartão não tem data, mas pela dedicatória e pela imagem tão antiga, acredito que tenha sido antes do casamento.

costas-do-cartao

Dedicatória do cartão

envelope

Envelope de um cartão, sem data também, mas ai já era uma família grande porque ele cita a Goretti, filha. Ele sempre chamava a mamãe carinhosamente de Gioconda!

cartao-do-envelope

cartao-do-envelope-1

Cartão que estava no envelope acima

cartão 84.jpg

cartao-84-1

A imagem do cartão acima

cartao-brasilia-1

cartao-brasilia

cartao-arvore-1

cartao-arvore

Estava em Curitiba visitando a Júlia que morava lá, o quarteto é a família dela.

campinas

campinas-1

uberaba

uberaba-1

cartinha

cartinha1.jpg

cartinha2

49

49-2

49-3

49-4

49-6

49-7

49-8

49-9

49-10

49-11

49-12

bello-h

bello-h-1

bello-h-2

bello-h-3

bello-h-4

bello-h-5

bilhete

CARTA REVELADORA! GORETTI APRENDENDO A PILOTAR AVIÃO E …OUTRAS NOTÍCIAS!

A carta não tem data, mas é de quando a Ana Raquel nasceu!

carta-filhos-e-netos

carta-filhos-e-netos-1

carta-filhos-e-netos-2

carta-filhos-e-netos-3

carta-filhos-e-netos-4

carta-filhos-e-netos-5

SUMIÇO DO ANTONIO CARLOS …LEMBRA DISSO?

sumico-ac

sumico-ac-1

sumico-ac-2

sumico-ac-2

sumico-ac-3

casa monte castelo.jpg

Na casa do Monte Castelo, JF

casa monte castelo 1.jpg

falecimento

falecimento-1

LEMBRANÇAS DO JOSÉ REINALDO

Ré, também eu me surpreendi – e me emocionei!- com algumas passagens da vida do papai. Vou ver se organizo minhas lembranças para complementar o que você já relatou.
De imediato me vem à memória uma sobre a forma peculiar que um mestre espiritual dele, que registrei com o nome de Miguel, tinha de ensiná-lo. O papai ia encontrá-lo formulando as perguntas mentalmente. Às vezes, quando se encontravam, o tal mestre o convidava para jogar xadrez, nem dando tempo do papai dizê-las. Misteriosamente, no retorno para casa, as respostas surgiam claramente para ele.

E outra que ainda diz muito da generosidade do papai. Ele estava em um período difícil da vida e pediu uma ajuda muito especial – uma ajuda ao mundo espiritual, não me lembro se através desse mestre ou diretamente. Ele me disse que essa ajuda veio em determinado momento “com uma força tremenda”, ou seja, ele sentiu que ele estava sendo tão “energizado” (essas são minhas palavras, mas o sentido é esse, de força imensa), que ele imediatamente começou a repassar o que estava recebendo para outras pessoas (mentalmente, espiritualmente).

Típico dele o querer dividir tudo que tivesse. Só que que depois compreendeu que, naquele momento, era a hora dele se fortalecer muito e não de repassar imediatamente “a riqueza” recebida do alto.

Outra lembrança, provocada pelo seu relato da palmada por brigar com a empregada. Quando fiquei sabendo que viria morar conosco uma menina de São Geraldo, fui falar que não a queria em casa. Ele deve ter percebido que era ciúme de caçula e, pacientemente, me dizia que eu continuaria sendo o “filhinho querido” dele e da mamãe, que os pais da menina tinham morrido e ela precisava de um amparo, mas que eu nunca deixaria de ser filho etc etc.

Eu, teimosamente, insistia que ela não podia morar conosco, até que ele me perguntou, com calma: Mas por que mesmo você não quer? Eu falei: Porque ela é preta. Até hoje me lembro dos olhos verdes do Lizote brilharem e a paciência acabar na hora: Meu filho, você vá se confessar imediatamente, você está cometendo um pecado gravíssimo contra Deus e os homens.
Nunca mais esqueci disso.

ÚLTIMA VIAGEM A SÃO GERALDO – MATANDO DO DESEJO DE ANDAR A CAVALO

Não me lembro a data desta viagem. Foi convidado para a inauguração da piscina co Clube e resolveu ir com a mamãe.

Chegando lá, disse ao Gigi que havia comprado a nossa casa, que gostaria de andar à cavalo. O Gigi deu um jeito de conseguir um cavalinho manso e ele pode matar esse desejo!

papai-a-cavalo-1

papai-a-cavalo

UMA HISTÓRIA DE LUIZ ROXO DA MOTTA, NOSSO PAI, NARRADA POR LUIZ AUGUSTO CASULARI ROXO DA MOTTA, FILHO, EM 08/05/2019

Delicadeza do Lizote Motta, meu pai

Delicadeza do Lizote Motta, meu pai

A família Roxo da Motta foi sempre exemplo de pessoas educadas e respeitosas para com todos. Todos nós lembramos de alguma atitude dos nossos tios e tias por parte do papai. Acho que foi uma característica da educação originada da vovó Juju.

Queria contar para vocês alguns dos momentos em que fui o objetivo desta delicadeza em impor a sua vontade.

Em São Geraldo, na praça Raul Soares, ainda existe um prédio de dois andares, edificado no início do século XX, ao lado da entrada para a Igreja de São Sebastião. Era a moradia dos Franklins. No andar térreo tem um bar que já existia na época em que eu morava na cidade. Era o bar do Custódio Ignácio, aposentado como maquinista da Leopoldina.

Naquela ocasião já existia a proibição da venda de bebida alcoólica para menores de idade. Mas, na cidade, era uma lei que ninguém cumpria.

Deveria ser em torno das onze horas da noite. Éramos seis adolescentes, com um pouco mais de dezesseis anos. Bebíamos cachaça, ou a industrializada Sideral, ou a artesanal do Gaím, muitas vezes com uma técnica pouco convencional pelos apreciadores dessa bebida. Isto é, colocávamos um pouco de sal no dorso da mão, ingeríamos a cachaça em um gole, e, em seguida, lambia-se o sal e sugava um limão. Acredito que era para não sentir o gosto ruim da cachaça. Nenhum de nós apreciava a bebida, mas era muito barata e ficava-se bêbado, sem gastar muito.

Não me lembro o nome dos outros amigos, mas o Geraldo Aloisio, que ainda não tinha o apelido de Cafuringa, estava presente. Quando o meu pai chegou, escondi o copo com a cachaça embaixo da mesa, meio sem graça porque havia sido pego em “fragrante” cometendo um crime. O Geraldo Aloisio disse ao meu pai: -“Senta, jovem, com a gente, e vamos beber uma cachaça juntos. Posso pedir também para o Luiz Augusto?”

Jovem era como o papai tinha o hábito de chamar as pessoas e ficou como um apelido, junto do Lizote. Ai o papai respondeu: “-Vamos sim, Custódio, traga uma cachaça para mim. Para o meu filho não precisa porque ele já está com a sua dose na mão”. Eu, que havia escondido o copo embaixo da mesa, coloquei-o sobre a mesa meio sem graça.

Devemos ter ficado uns quinze minutos conversando com o papai, que sempre teve um bom papo. Não me lembro de qual foi o assunto. Depois de ter tomado a cachaça, o papai disse que estava indo dormir e convidou-me para ir junto. Voltamos para casa numa boa. Para mim foi uma coincidência ele ter nos encontrado no bar. Muitos anos depois que caiu a ficha: o papai foi me tirar do bar, na maior classe, sem me desmoralizar na frente dos amigos adolescentes.

MAIS UMA SABOROSA HISTÓRIA DO PAPAI NARRADA PELO LUIZ AUGUSTO:

A propósito do comentário do Zé Reinaldo de que o papai ficava esperando-o de madrugada, mas dizia que tinha perdido o sono e estava lendo.

Quando mudamos para a casa no Lago Norte, o Fábio tinha 16 anos. Nós morávamos na quadra 104 Sul, onde era tudo tranquilo. Conhecíamos a vizinhança, os amigos dos nossos filhos, enfim, a rotina daquele local. Para a nossa maior segurança, tinha uma delegacia na entrada da quadra. Então, havíamos perdido a tranquilidade daquela quadra e estávamos um pouco receosos neste novo local ainda estranho.

Em uma noite, perdi o sono e fiquei a ler um livro qualquer. Deveria ser um pouco mais da meia-noite, quando o Fábio abriu a porta e surpreso fez a pergunta: – Pai o senhor está me esperando? E a minha resposta foi pouco original: – Não, filho, perdi o sono.

Imediatamente, lembrei-me da mesma cena ocorrida comigo, com a mesma idade do Fábio, chegando em nossa casa em São Geraldo, mais ou menos nesse horário, e as palavras repetidas: – Pai, você estava me esperando? Não, filho, perdi o sono e estou a ler.

Hoje tenho a noção de que o papai estava me esperando e que, inconscientemente, repetimos muitas coisas, boas ou ruins, na educação dos nossos filhos.

Aproveito para contar uma situação também de como o papai sabia nos levar sem maiores atritos.

Este fato aconteceu em São Geraldo, durante uma festa junina. Estávamos no beco escuro, ao lado da casa da dona Lourdinha, que ia dar no moinho para fabricar fubá. De repente, ouço a voz do papai: – Luiz Augusto, você está aí? Ainda bem que te encontrei porque estou procurando a Goretinha por todo lado e não a encontro. Saímos, eu e a namorada, meio sem graça, e fomos procurar a irmãzinha. Depois que ficamos a sós, ele disse na necessidade de ter cuidados redobrados para não engravidar uma garota.

Cartão da mãe de Luiz Roxo da Motta , nossa avó

Bilhete do papai para mim com um bilhete de loteria!
Falecimento do meu pai – Luiz Roxo da Motta

No Bairro Monte Castelo, em Juiz de Fora, em uma creche da prefeitura, o papai fazia uma horta, levando as os meninos de rua para ajudar e se ocuparem.